domingo, 7 de dezembro de 2014

Munnar, terra do verde, do chá e das sanguessugas // Munnar, land of green, tea and leeches

Street market
Munnar center
Catholic church, Munnar. Shoes outside.
Tea plantations
Tea plantations

23.10 – Ao chegarmos tomámos um delicioso duche quente, (daqueles que enchem o WC de vapor de água) e tive noção que já não tomava um duche quente há bastantes semanas. Desde Colombo, no Sri Lanka, se não estou em erro! As temperaturas altas e a falta de aquecimento na maioria dos hóteis por onde passámos têm feito com que a água fria se tenha tornado uma presença constante, sem que isso tenha, necessariamente, sido uma má coisa. Mas aqui em Munnar as temperaturas são mais baixas e a água da torneira é demasiado fria para ser apetecível.
No dia seguinte fizémos um trekking pelas plantações de chá, a principal fonte de rendimento e de trabalho da cidade. É uma paisagem impressionante!
Disseram-nos que por vezes se conseguem avistar elefantes mas nós só avistámos as suas fezes em locais que pensávamos serem de acesso impossível para um animal daquele porte.
Em vez disso, tivémos a presença de sanguessugas nos sapatos! Bem, nunca tínhamos visto nenhuma e pensava-as maiores e mais gordas. Algumas conseguem ser bem pequenas e quase não darmos por elas e, por isso, depois de passarmos as pernas por vegetação alta, fazíamos uma pausa para ver se alguma tentava agarrar-se à bota ou que pudesse ter mesmo entrado para o sapato ou para as calças.
Estava um dia chuvoso, o que não nos deu uma boa visualização do alto dos montes a mais de 2000 m de altitude a que subimos (Munnar é uma terra localizada a elevada altitude, por isso os montes não são altos como a Serra da Estrela, mas estão facilmente a uma altitude mais elevada que esta). Mas essa mesma neblina permitiu umas fantásticas fotos de uma paisagem que já por si era magnifíca. “Degraus” de plantações pelas colinas fazem uma decoração natural perfeita para aquele local tão visitado por turistas indianos pelo verde que eles tanto adoram.
Nessa noite dormimos bem mas só depois dos festejos do Diwali terminarem. O chamado “Festival das luzes” é das maiores comemorações Hindus na Índia, na qual eles acendem velas e candeeiros nas ruas, templos e casas e vêem-se vários fogos de artíficio pelas cidades. Em Munnar parecia Carnaval, com miúdos e adultos a divertirem-se com estalinhos e morteiros.
Os dias ali passados foram de descanso. O centro da cidade é pequeno, com vários mercados de rua e lojas de chocolate. Três templos principais nas três colinas da cidade (Católico, Hindu e Budista) constituem os principais pólos de movimento dos locais. Num dos nossos almoços conhecemos um casal de italianos que trabalham em Mumbai e estavam de férias. Trocámos impressões do país e ouvimos recomendações de comida e sítios a visitar.
Tempo de apanhar o autocarro de longa distância para Bangalore, onde depois veremos como podemos conseguir chegar a Hampi, o nosso próximo destino!

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23:10 - When we arrived we took a delicious hot shower, (those ones that fill the bathroom with steam) and I realized we didn't have one in weeks. Since Colombo, Sri Lanka, if I am not mistaken! The high temperatures and the lack of heaters in most hotels where we stayed have made the cold water a constant presence, without this having necessarily been a bad thing. But here in Munnar temperatures are lower and the tap water is too cold to be delicious.
The next day we made a trek through the tea plantations, the main source of income and labour. It is an impressive landscape!
We were told that sometimes elephants can be seen but we only saw their dung where we thought impossible to access for an animal that size.
Instead, we had the presence of leeches on the shoes! Well, we've never seen any and thought woulb be larger and fatter. Some can be very small and hardly noticeable, so, after passing through high vegetation, we made a break to see if any tried to cling to the boot or could have even entered the shoe or pants.
It was a rainy day, which did not give us a good view of the top of the mountains over 2000 m of altitude we go up (Munnar is a land located at high altitude, so the mountains are not as high as "Serra da Estrela", but are easily at a higher altitude). But that same fog allowed fantastic pictures of a landscape that in itself was magnificent. "Steps" of the hills plantations make a perfect natural decoration for that location so visited by Indian tourists for the green they love so much.
That night we slept well but only after the Diwali celebrations are over. The so-called "Festival of Lights" is the biggest Hindu celebration in India, when they light candles and lamps in the streets, temples and homes and several fireworks can be seen in the cities. It seemed like Carnival in Munnar, with kids and adults having fun with firecrackers.
The days spent there were of rest. The city center is small, with several street markets and chocolate shops. Three main temples in the three hills of the city (Catholic, Hindu and Buddhist) are the main locations of the motion poles. At one of our lunches we met an Italian couple who work in Mumbai and were on vacation. We exchanged impressions of the country and hear food recommendations and places of interest.
Time to catch the long distance bus to Bangalore, where then we'll see how we can reach Hampi, our next destination!

Susana

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Onde a água doce encontra a salgada // Where freshwater meets sea water

Kerala's Backwaters
Backwaters island and boat
Backwaters local washing her cow

Chinese fishing nets
Santa Cruz Cathedral interior
Canoe's "driver"
Santa Cruz Cathedral, Fort Kochi
backwaters village house
Backwaters boat ride
22.10.2014 - Deixámos hoje Kochi onde nos últimos dias fomos ficando porque apanhei uma virose que me fez ter febre e diarreia. Pelo sim, pelo não, fui ao médico. Disseram-me para ir ao hospital público: confusão de gente em fila para ser atendida. Era sentar na cadeira ao pé do médico, contar as desgraças, trazer a receita e venha o próximo. Os medicamentos são dados (sim, dados) à quantidade e não à caixa. Mas não contente com o veredicto, procurámos uma clínica privada onde fui atendida com mais atenção. A conta final, com medicamentos incluídos, deu à volta de 6 euros.
Kochi não tem muito que ver: mesquitas, palácios holandeses e redes de pesca chinesas, alguns edifícios de influência portuguesa e igrejas católicas (a Catedral de Santa Cruz foi a mais curiosa que vi até hoje. Uma mistura de decoração ocidental com indiana deu numa igreja cheia e com néons à volta de Maria, no altar), .
Podem fazer-se tours organizadas às Backwaters: canais, rios e lagos interligados num sistema labiríntico criando um ecossistema único onde a água doce dos rios encontra a água salgada do Mar Arábico, (estas tours acabam por compensar pois não são caras) e vale a pena.
Deu para relaxar num tranquilo passeio de barco por entre ilhas e canais cheios de vida animal, aves principalmente, e flora tropical, e ainda conhecer uma rapariga sérvia que estava no final da sua viagem de 1 mês pela região de Kerala. Partilhou connosco algumas impressões e sugestões do Sul, o que foi uma boa ajuda para quem tinha praticamente acabado de chegar!
O nosso hotel, Mother Tree, fica em Fort Kochi, a zona tranquila da cidade onde se podem passar uns dias calmos, longe da confusão das cidades indianas. Junto a ele há um pequeno restaurante familiar chamado Taj Mahal onde comemos na maior parte dos dias pois era muito em conta em comparação com os preços que encontrámos na cidade. Comida boa e sentimo-nos sempre em casa, pois a esplanada era, literalmente, nas traseiras da casa da família!
Como já me sinto melhor, apanhámos o autocarro de Kochi para Munnar, mais para o interior do Sul da Índia. A viagem faz-se por entre pequenas povoações e solavancos num autocarro velho e sujo de janelas sempre abertas, pois não tem vidros. A certo ponto a paisagem muda, o ar refresca e começamos a subir em altitude. A estrada serpenteia pela floresta tropical densa, passamos macacos à beira da estrada, quedas de água tímidas e outras imponentes. Locais de beleza incrível que me surpreendem pela imensidão de vida, verde e de locais escondidos e sozinhos. Ao começarmos a descer a floresta abre, mais casas e vacas a pastar... o autocarro vai parando. Pessoas vão entrando e saindo. A viagem continua.

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22/10/2014 - We left Kochi today where we kept staying in the last few days because I got a virus that made me have fever and diarrhea. In doubt, went to the doctor. I was told to go to the public hospital: A big mess of people queueing to be seen by the doctor. It was sitting in front of the doctor, tell the woes, take the prescription and repeat. The drugs are given (yes, free) in the exact quantity and not the full box of pills. But not happy with the verdict, I sought a private clinic where people were seen with more time and attention. The final bill, including medicines, was around 6 euros.
Kochi does not have much to do: mosques, Dutch palaces and Chinese fishing nets. some buildings of Portuguese influence and Catholic churches (the Cathedral of Santa Cruz was the most curious I saw today, a mixture of western and Indian decor that resulted in a full church with neons around Mary, on the altar), 
Tours can be organized to go to the Backwaters: canals, rivers and lakes interconnected in a labyrinthine system, creating a unique ecosystem where fresh river water meets the salt water of the Arabian Sea (these tours end up worthing and are not expensive).
It was good to relax in a tranquil boat ride through islands and channels filled with wildlife, birds mainly, and tropical flora, and still get to know a Serbian girl who was at the end of her one month trip by the Kerala region. She shared with us some impressions and suggestions for  the south, which was a good help for us, who had practically just arrived!
Our hotel, Mother Tree, located in Fort Kochi, the quiet part of town where you can spend a few quiet days, away from the hustle of Indian cities. Next to it there is a small family restaurant called Taj Mahal where we ate in most days, it was very affordable compared to the prices we found in the city. The food is really good and we feel always at home because the tables were literally in the backyard of the family home!
As I feel better, we took the bus from Kochi to Munnar, further inland of South India. The trip is done through small villages and bumps in an old and dirty bus, windows always open because it has no glass. At one point the landscape changes, the air cools and began to climb in altitude. The road winds through dense rainforest, we see some monkeys on the roadside, some shy waterfalls and others imposing. Incredible beauty spots that surprise me by the immensity of life, green and hidden and alone locations. As we begin to descend the forest opens, more houses and cows to graze... the bus will stop. People go in and out. The journey continues.


sábado, 15 de novembro de 2014

Índia, autocarros, tuk-tuks e templos - O 1º impacto // India, buses, tuk-tuks and temples - The first impact

Tuk-tuk drive

Streets of Madurai
Gandhi Memorial Museum from outside
Aterrámos em Madurai, no Sul da Índia, um aeroporto modesto, com um multibanco que não funcionava. Foi fácil arranjarmos um tuk-tuk que nos levasse ao hotel por um preço modesto e que ainda parásse num multibanco para conseguirmos algum dinheiro.
Ficámos num hotel bem localizado junto ao templo principal da cidade: Meenakshi Amman Temple, um local grandioso e considerado por muitos como o ponto alto da arquitectura do sul da Índia, tão vital para a região como o Taj Mahal para o Norte da Índia. E nós não lhe tiramos nenhum mérito! Desde logo sentimos a profunda espiritualidade dentro daquele local, com pessoas a meditar, famílias sentadas no chão a comer e outras pessoas de fé a visitar os seus deuses. É um local escuro e é necessário descalçarmo-nos à entrada. Por dentro das torres do templo há um pátio circundante onde, naquele dia, faziam uma cerimónia festiva com uma espécie de carro alegórico, o qual todos queriam tocar. Na sua frente ia um magestoso elefante a passo vagaroso. Já o tínhamos visto anteriormente dentro do templo. São criaturas imponentes e sensíveis ao mesmo tempo. Transmitem força e doçura, e essa paridade atrai-nos, fazendo-nos ficar a contemplá-lo por longos momentos.
Algo novo foi quando o elefante defecou, algumas pessoas foram a correr pisar as suas fezes e chamar os filhos para o fazerem. São animais sagrados, e como tal, tudo o que advém deles poderá ser portador de boa sorte.
Para o dia seguinte visitámos o Gandhi Memorial Museum de entrada gratuita e que vale muito a pena pela quantidade de informação sobre toda a história da Índia desde a altura das colonizações até à vida e luta de Gandhi pela sua independência. As vestes que ele usava no momento em que foi assassinado estão lá presentes. Foi um lugar onde saímos mais ricos depois da sua visita.
Até ali tinha sido fácil arranjarmos transportes pois no hotel diziam-nos quanto deveríamos pagar e chamavam o tuk-tuk. Depois do museu tivemos a nossa primeira experiência neste país, com um senhor que não nos dizia quanto queria mas apenas: “No problem! You like money!”. Mostrou-nos várias fotos de turistas que gostaram dos serviços dele, para apelar ao nosso sentimento (o que é muito vulgar na Índia), e assim sendo é díficil o diálogo quando se parte do príncipio que todos os turistas são iguais e/ou podem despender do mesmo dinheiro... A caminho do hotel, parámos ao pé de um polícia na rua que disse algo ao nosso motorista. Este perguntou-nos se tínhamos uma esferográfica e foi dá-la ao polícia. Ficámos sem caneta e sem perceber nada!
Madurai tem muito tráfego, barulho e buzinadelas. É bom para nos acostumarmos a deambular por entre o trânsito nesta “dança” de movimentos fluídos e comum na Índia.
Dia 14 de Outubro apanhámos um autocarro para Kochi, no Estado de Kerala. Eram um bus nocturno, todos sentados e sem AC. Janelas abertas, 30 graus e siga! 

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Landed in Madurai, South India, a modest airport with an ATM that did not work. It was easy to get a tuk-tuk to take us to the hotel for a modest price and still stop in an ATM to get some money.
We stayed in a well located hotel next to the city's main temple: Meenakshi Amman Temple, a majestic place and considered by many as the highlight of South Indian temple's architecture, so vital to the region as the Taj Mahal to the North of India. And we didn't take it any merit! We immediately felt the deep spirituality within that place where people were meditating, families sitting on the floor eating and other people with their own faith visiting their gods. It is a place with low light and you need to take off your shoes at the entrance. Inside the temple towers is a surrounding courtyard where, on that day, was taking place a festive ceremony with a kind of wooden car with a deity, which everyone wanted to touch. In the front of it, a majestic elephant was slowly walking. We already had first seen it inside the temple. Elephants are imposing and sensitive creatures at the same time. It transmit us strenght and sweetness, and this parity attracts us, making us contemplate it for long moments.
Something new to us was when the elephant dropped a poop, some people ran to step on it and called the children to do the same. These are sacred animals, and as such, all that comes of them may be the bearer of good luck.
For the next day we visited the Gandhi Memorial Museum, entry is free, it worths ugelly for the amount of information on the history of India from the time of colonization to the life and struggle of Gandhi for independence. The clothes he wore when he was assassinated are exhibited there. It was a place from where we left richer after its visit.
Until then it had been easy to get transport because the hotel where we were staying told as how much we should pay and called for the tuk-tuk. After the museum we had our first experience in this country with a man who not told us how much he wanted but only: "No problem! You like money. " He showed us several photos of tourists who liked his services, trying to get into our hearts (very common in India), so it is a difficult dialogue when it is assumed all tourists are equal and can spend the same amount of money... On our way to the hotel, we stopped near a policeman on the street who said something to our driver. Then our driver asked us if we had a pen and gave it to the police man. We ended up with no pen and wondering what happened!
Madurai has a lot of traffic, noise and honks. It's good to get used to stroll through the traffic in this fluid movements "dance" common in India.
October 14, we catched a bus to Kochi, Kerala State. It was a night bus, all sitting and without AC. Windows open, 30 degrees and go!

domingo, 9 de novembro de 2014

The magic farm and our workaway experience in Sri Lanka

Talking with Tanya from Russia
Turtoises
Squirrel in the tree
Tango, the nice doberman
Zé and Govingha pushing for the engine to start working
Half coconut 
Flora's details
The workers
The farm
A nossa semana perto de Kotadeniyawa, no Sri Lanka, a fazer workaway (trabalho em troca de alojamento e comida) numa quinta eco-sustentável foi uma experiência memorável.
Fomos extremamente bem recebidos por todos. Cada refeição era motivo para longas conversas e discussão de novas ideias e argumentos com o Feizal, marido de Jeanne, e nossos anfitriões.
Conhecemos pessoas interessantíssimas como o Dr. Ranil Senanayake, ecologista, e as Tanyas da Rússia, que faziam um documentário sobre estilos de vida e sustentabilidade no Sri Lanka.
Os finais de tarde eram lindos e calmos... O céu enchia-se de cores num degrade gracioso e a tranquilidade de um final de dia quente sentia-se.  O silêncio era interrompido apenas pelas aves e pelas folhas das árvores que abanavam suavemente...
Às vezes começava a chover repentinamente a meio da tarde e parávamos os trabalhos ficando debaixo do alpendre a observar. Faz calor, os pássaros recolhem, os esquilos também e as tartarugas passeiam contentes no seu espaço. Tudo é adorável naquele sítio e o que se aprende com a natureza e a paz que se sente é inigualável.
O Sol punha-se às 18h, mas os dias começavam cedo e consequentemente, eram enormes. Havia tempo para trabalhar, dormir a sesta, passear e termos momentos para dedicarmos a nós.
Às vezes, de tarde, conversávamos com a Jeanne, a nossa anfitriã. Fotógrafa e escritora. Uma pessoa inspiradora e com um sentido de humor delicioso. Com os seus 80 e picos anos, não lhe daríamos a sua idade pois mantinha-se activa, segura e cheia de histórias divertidas. Durante os dias lá já me encontrava apegada ao seu sotaque britânico, não fosse ela uma dutchburger (etnia do Sri Lanka de descendentes de colonizadores, neste caso, holandeses). Os seus 5 cães, 3 dos quais uns adoráveis dobermen que ela trouxe para a quinta para substituírem os seguranças. Nunca tinha pensado em ter cães dessa raça, mas não hesitou em trazer dois pois iam cortar-lhes as orelhas e caudas para venda.
Os trabalhadores da quinta, eram as pessoas com quem passávamos mais horas, mas não falavam inglês, a não ser o Govindha, com quem aprendíamos palavras em singalês e tamil. Gente humilde e sorridente, que todos os dias nos recebiam com um sorriso e nos ofereciam chá nas pausas do trabalho.
Na quinta, não se comem nem se matam animais. Todos os que lá vivem têm um propósito, inclusive o boi Mr. T que puxa a carroça da vegetação para alimentar os búfalos. Os excrementos destes, servem para produzir biogás que vai directamente para a cozinha e permite a utilização do fogão.
Num futuro, eles pretendem ser independentes de qualquer forma de energia e produzir os seus próprios recursos, na esperança que muitas mais pessoas sigam o seu exemplo.
Durante a nossa estadia observámos imensos animais que nos deliciaram! Aves, insectos, geckos, borboletas, um lagarto Thalagoya (Varanus bengalensis), uma assustadora cobra Naja que pôs todos os trabalhadores em sobressalto e a Attacus atlas, a borboleta nocturna com maior área de superfície de asas de todas as Lepidoptera.
Foi difícil deixar este lugar magnífico e fica a promessa de um retorno. Esperamos!

Era hora de seguir para a Índia e ver que novas surpresas nos esperavam!

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Our week near Kotadeniyawa in Sri Lanka, doing a workaway (work in exchange for accommodation and food) on an eco-sustainable farm was a memorable experience.
We were extremely well received. Each meal was an excuse for long conversations and discussion of new ideas and arguments with Feizal, Jeanne's husband, and our hosts.
We met very interesting people like Dr. Ranil Senanayake, ecologist, and Tanyas from Russia, who were making a documentary about lifestyles and sustainability in Sri Lanka.
The late afternoons there were beautiful and calm... The sky was filled with a graceful degrade and the quietness of a hot day's evening was felt. The silence was broken only by the birds and by the leaves of the trees that were gently shaking...
Sometimes it suddenly began to rain in the afternoon and we stopped the works to go under the porch observing. It was hot, the birds were gathering, squirrels too and the turtoises were wandering happy in their space. Everything is lovely in that place and what we learned with nature and the peace that we felt was incomparable.
The sun was setting at 6PM, but the days began early and consequently were huge. We had time to work, take a nap, walk around and had also time to dedicate to ourselves.
Sometimes, in the afternoon, we used to talk with Jeanne, our hostess. Photographer and writer. An inspiring person and with a delightful sense of humor. With 80 something years, we would not give her that age because she remained active, secure and full of fun stories. During those days there I was already wedded to her British accent (she was a dutchburger - Sri Lanka's ethnic group of descendants of colonizers, in this case, Dutch). Their 5 dogs, 3 of which were adorable dobermen that she brought to the farm to replace the security. She had never thought about having dogs of this breed, but did not hesitate to bring two of them because someone would cut off their ears and tails for sale.
The farm workers were the people whom we spent more hours with, but they speak no English, except Govindha, who teached us words in Sinhalese and Tamil. 
Humble and smiling people, who received us every day with a smile and offered us tea during the work breaks.
In the farm they do not eat or kill animals. Every animal who lives there has a purpose, including the bull Mr. T that pulls the cart with vegetation to feed the water buffaloes. Their excrements are used to produce biogas which goes directly to the kitchen and allows people to cook.
In the future, they would like to be independent from any kind of energy and produce their own resources hoping that many more people follow their example.
During our stay we saw a lot of animals that delighted us! Birds, insects, geckos, butterflies, Thalagoya lizard (Varanus bengalensis), a scary cobra Naja which scared all the workers and Attacus atlas, a moth with the biggest wing surface area of all Lepidoptera.
It was hard to leave this wonderful place and we left the promise to return. We hope!!!
It was time to continue to India and see what new surprises are reserved for us!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O que deve uma mulher levar para uma viagem longa? // What should a girl take for a long travel?

Higiene Feminina
Para se viajar tantos meses ou anos é importante manter a coisa simples e limitarmos o número de artigos a trazer connosco. É relativamente fácil encontrar o que precisamos em qualquer outro país, por isso não vale a pena vir carregada de produtos. Nestas situações há mesmo que aprender a abdicarmos do que não é importante.
Em alguns países ou situações a higiene pode ser complicada, portanto é recomendável não esquecer nunca de andar com um rolo de papel higiénico, toalhitas, líquido desinfectante para as mãos e pensos higiénicos.
Na Mongólia, se se ficar muito tempo num gher ou com uma família nómada, não haverão casas de banho com água canalizada. Algumas famílias não têm nada, outras têm uns buracos a fazer de sanita. A água vão buscá-la ao rio e é preciosa.
Durante o transiberiano se se passar muitos dias no comboio também não há duche disponível, portanto as toalhitas foram sempre as minhas melhores amigas tanto para a higiene íntima como para limpeza da cara.
Na China, Sri Lanka e Índia muitos dos hotéis e hostéis em que ficámos não fornecem papel higiénico aos hóspedes. Em vez disso, têm baldes ou pequenas mangueiras para nos lavarmos. É cultural e é assim que o fazem. Se quisermos papel higiénico, melhor trazer o nosso.
Em relação a produtos de higiene como produtos para banho, champôs, condicionadores, pastas dos dentes, cremes hidratantes, etc., em todos os países por onde passei foi fácil encontrá-los em lojas específicas ou no supermercado. Sri Lanka e Índia foram, até agora, os países com os produtos mais baratos e normalmente têm sempre alternativas ayurvédicas, feitas com produtos naturais e não testadas em animais e que são incrivelmente mais baratas do que os outros produtos de marcas conhecidas.
Um amaciador e creme para os olhos totalmente naturais e não testados em animais custaram-me à volta de 1 euro cada no Sri Lanka.
Pensos higiénicos podem ser encontrados nos supermercados, embora em alguns países não seja fácil encontrar dos finos e prácticos a que estou habituada. Na Índia consegui comprar uns parecidos. É mais díficil encontrar tampões em países como Sri Lanka ou Índia.

Que produtos levo comigo?
Normalmente trago apenas champô, amaciador, desodorizante, creme hidratante com protecção UV para a cara e outro para o corpo (tudo em embalagens de 100ml no máximo). Desta vez, e como era uma viagem por um tempo mais longo, trouxe mais alguns cuidados como, uma pequena embalagem de tónico facial (50ml), creme para olhos, lábios e creme para as mãos. Trouxe também uma embalagem pequena com máscara para o cabelo (100ml), spray capilar protector de UV e vitamina D para cutículas e unhas. 
Para o duche, optei por sabonete. Dura mais tempo e às vezes recebemos um grátis do hotel!
Na depilação mantenho a coisa simples: máquina depilatória para usar no WC do hotel sempre que possa. Em caso de não ser possível (falta de fichas eléctricas, tempo ou casas de banho partilhadas) uso gillete. 
Para o cabelo, esqueci escovas e secador. Trago um pente pequeno e hidrato o cabelo alternando o condicionador com a máscara hidratante que trouxe numa embalagem pequena.
Não trouxe maquilhagem, verniz para unhas ou acetona.
Tudo pode ser renovado ao acabar um produto. Depende das necessidades, assim como da pessoa!
Sorrir e optimismo continua a ser o melhor remédio contra o envelhecimento! 
Boas errâncias!

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Women's hygiene
To travel many months or years it is important to keep it simple and limit the number of items to bring with us. It is relatively easy to find what we need in any other country, so it's not worth it come loaded with goods. In these situations we really have to learn to abdicate what is not important.
In some countries or situations hygiene can be complicated, so it is recommended never forget to bring toilet paper, wipes, hand sanitizer and sanitary towels.
In Mongolia, if you’ll stay for a long period in a gher or with a nomadic family, there will be no bathrooms with running water. Some families have nothing, others have some holes to make the toilet. They get the water from the river and it is precious.
During the Transiberian if you’ll spend many days on the train there is no shower available, so the wipes were always my best friends both for personal hygiene and for cleaning the face.
In China, Sri Lanka and India, many of the hotels and hostels where we stayed did not provide toilet paper for guests. Instead, have small buckets or hoses for the wash. It is cultural and that's how they do it. If you want toilet paper, it’s better to bring your own.
Regarding the hygienic products such as bath products, shampoos, conditioners, tooth pastes, creams, moisturizers, etc., in all the countries where I have been it was easy to find them in specific stores or in the supermarkets. Sri Lanka and India were, until now, the countries with the cheapest products. You can also find ayurvedic solutions made ​​with natural products and not tested on animals which are incredibly cheaper than the other products of known brands.
A softener and cream for the eyes totally natural and not tested on animals cost me around 1 euro each in Sri Lanka.
Sanitary towels can be found in supermarkets, although in some countries it is not easy to find the fine and practical that I am used to... In India I managed to buy similar ones, although it is more difficult to find tampons there and in Sri Lanka.

Which products do I carry with me?
Usually I only take with me shampoo, conditioner, deodorant, moisturizing cream with UV protection for the face and other one for the body (all in packs of 100ml maximum). This time, and as it was a trip for a longer time, I brought some more extra products as a small package of facial toner (50ml), eye cream, lip and hand cream. Also brought a small container with moisturizing mask for the hair (100ml), hair spray with UV protection and Vitamin D for cuticles and nails.
For the shower, I chose soap. Lasts longer and sometimes we receive a free one from the hotel!
About waxing I keep it simple: depilatory machine to use in the hotel toilet whenever I can. In case this is not possible (lack of electrical plugs, time or shared bathrooms) I use gillete.
For the hair, I left back brushes and the dryer. Brought a small comb and hydrate the hair alternating conditioner with the moisturizing mask that brought in a small package.
Brought no makeup, nail polish or acetone.
Everything can be renewed when the product ends. It depends on the needs as well as on the person! 
Of course smiling and optimism still are the best remedies against aging!
Happy wanderings!
Me with a sweet chinese girl in Datong, China

terça-feira, 7 de outubro de 2014

ULAN-UDE – ULAN-BATOR – 657 KM (from 31.05 13:45 (local time) to 01.06 06:40 (local time)

Transmongolian: on our way to Mongolia
Waiting at the Russian-Mongolian border
Waiting...At some point they didn't let us go out of the train
Transmongolian: on our way to Mongolia
Friendship can grow fast during the trip. Lucie and Gary, good friends!

Desta vez apanhámos um comboio chinês que faz a viagem directamente de Moscovo até Pequim.
Deixamos Ulan-Ude e tanto por explorar nas redondezas do Baikal.
Mas como em todo o lado, nunca será possível ver tudo!
Este comboio, em tudo igual aos outros em que andámos, tem controladores apenas masculinos e as casas de banho são menos asseadas e não têm papel. As camas são menos confortáveis e os lençóis não vêm fechados em plásticos. Parece que alguém já os pode ter usado antes. Na altura não o percebi, mas agora que escrevo com algum tempo de atraso, vejo que o nosso primeiro comboio chinês era um prenúncio das mudanças a encontrar ao entrarmos na China.
Na nossa cabine viaja um húngaro, o Gary, como se apresentou, embora o seu nome seja Görgö. Ele, a francesa da cabine ao lado, Lucie e um chinês que está noutra cabine da mesma carruagem (que diz para o chamarmos de Sunshine pois é o que o seu nome significa simplificadamente) já vêm directamente de Moscovo sem parar, o que significa que já estao há uns dias no comboio.
O Gary tem pouco tempo e por isso diz que gostaria de fazer a viagem novamente com mais tempo. Esta viagem de comboio não é longa, mas torna-se demorada devido à longa espera de 2h na fronteira da Rússia para fiscalizarem tudo, e mais 2h na fronteira da Mongólia. Fiscalizam tudo de novo. Vêem debaixo das camas, cães a passarem no corredor, preencher formulários... no entanto, é importante destacar que, ao contrário do que sempre ouvi falar, o comboio é seguro, os russos são muito simpáticos e sempre pudemos deixar tudo nas carruagens e ir passear sem nos preocuparmos em deixar tudo preso com cadeados ou amarrado.
Esta viagem foi feita de conversas. Com o Gary discutimos a situação económica na Hungria, o nazismo na Europa, o porquê desta viagem e a procura de um caminho e sentido para cada uma das nossas vidas. Esta busca constante e ao mesmo tempo, fuga a uma vida pré-concebida pela sociedade, que dita o que é mais e menos certo nos curtos e milagrosos espaços de tempo a que chamamos vida, e que deveriam ser sentidos da maneira que cada um quer. Não há fórmulas certas porque, do fim, é o que todos mais sabemos e temos certo.
O Gary trabalha em hotelaria na Suiça, mas planeia voltar ao seu país, comprar apartamentos e alugá-los. Não quer uma vida presa e trabalhar para outros para sempre, diz ele. Vai fazer 30 anos durante esta viagem e veio fazê-la precisamente para pensar na vida.
No comboio conheceu a Lucie, que vai estar 3 meses na Mongólia a trabalhar numa agência de viagens porque estudou turismo sustentável. Depois disso planeia ensinar francês na Galiza para treinar o espanhol e depois vai querer aprender português.
Às tantas o “Sunshine” juntou-se a nós e estávamos os 5 a rir e a conversar na cabine. Foi uma excelente viagem porque estes momentos de convívio são o que mais deixam recordações e criam empatias com os outros. Às vezes fazem-se amigos para a vida e conhecem-se outros estilos de vida e ideais.
A paisagem manteve-se verde e plana com alguns rios e montes ao fundo.
Chegámos bastante cedo a Ulan-Bator, ainda dormia em pé e já estávamos a ser abafados por uma multidão de mongóis à saída do comboio. Tentavam angariar pessoas para táxis, hotéis ou esperavam alguém com cartazes.
Demasiado cedo para acompanhar tanta actividade... Lá encontrámos a pessoa que nos esperava para nos levar ao hostel e descansar um bocado.

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This time we took a Chinese train that makes the trip directly from Moscow to Beijing.
We left Ulan-Ude and so much left to explore around Baikal.
But like everywhere, you can never see everything!
This train, identical to the others we've been taking, has only male controlers and bathrooms are less neat and have no toilet paper. The beds are less comfortable and the sheets did not come sealed in plastic. Looks like someone already may have used it before. Not realized at the time, but now that I write with some time in delay, I see that our first Chinese train was a presage of the changes to find when entering China.
In our cabin travels a Hungarian, Gary, as he presented himself, although his name is Görgö. He, the French in the next cabin, Lucie and a Chinese that travels in the same car in another cabin (he says to us to call him “Sunshine”, because that's what his name means in a  simplified way) have come directly from Moscow without stopping, which means that they are in the train for a few days now.
Gary has little time and so he says he would like to make the trip again with more time. This train journey is not long, but it is time consuming due to the long wait of 2 hours at the Russian border to oversee everything and more 2h on the Mongolian border. Oversee all over again. Tehy check under the beds, dogs passing in the hallway, filling out forms ... however, it is important to note that, contrary to what I heard, the train is safe, the Russians are very friendly and we always leave everything in the carriages and go sightseeing without worrying about leaving it stuck with padlocks or tied.
This trip was made ​​of conversations. With Gary discussed the economic situation in Hungary, Nazism in Europe, the why for this trip and the search for a path and direction for each of our lives. This constant search and at the same time, escape to a life preconceived by society that dictates what is more and less certain in the short and miraculous space of time we call life, and that should be felt in the way that each one wants. There are no right formulas because, the end is what everyone knows and have for certain.
Gary works in hospitality in Switzerland, but plans to return to his country, buy apartments and rent them. He doesn’t want a stuck life and work for others forever, he says. He will turn 30 during this trip and travels precisely to make himself think about life.
On the train he met Lucie, who will be 3 months in Mongolia to work in a travel agency because she studied sustainable tourism. After that, she plans to teach French in Galicia to practice spanish and then will want to learn portuguese.
At some point "Sunshine" joined us and the we laughed and talked in the cabin. It was a great trip because these moments are what leave more memories and create empathy with others. Sometimes can make friends for life and get to know other lifestyles and ideals.
The landscape remained green and flat with some rivers and hills in the background.
We arrived early enough to Ulan-Bator, still sleepy and we were being drowned out by a crowd of Mongols outside the train. Tried to raise people for taxis, hotels or someone waiting with signs.

Too early to keep up with such activity ... Eventualy we found the person who was waiting for us to take us to the hostel and rest a bit.