sexta-feira, 30 de maio de 2014

Trans-Mongolian: Moscow-Ekaterinburg (1818 km; 1d 1h 52mins)


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Chegados à grande e movimentada estação de Moscovo, encontrámos facilmente o nosso comboio. Uma senhora simpática à porta, que não falava inglês, viu-nos os bilhetes e passaportes e fazendo números com as mãos indicou-nos os nossos lugares.
Na cabine onde estavam as nossas 2 camas mais outras duas, já estava uma mulher russa, Svetlana, e o seu filho de 2 anos. Começou logo a falar-nos num inglês atabalhoado mas que dava para entender.
Não sabia onde era Portugal, mas Espanha sim. Então passou o tempo a dizer que os espanhóis eram simpáticos e que achava as nossas feições muito bonitas. Concluímos, entre risos, que de facto a diferença na diversidade étnica faz com que os nossos conceitos estéticos difiram. Eu expliquei-lhe que para nós, os olhos dela (claros) eram bonitos e ela disse logo abanando a cabeça a sorrir e passando as mãos pelos olhos: “no, no! Your eyes!” – os mais castanhos possíveis!
Foi ela que simpaticamente nos ajudou a perceber o funcionamento do comboio: a cama que levanta para guardar as malas, as escadas para subir para a cama de cima, as fronhas que ainda seriam trazidas pela senhora da porta da carruagem (chamemos-lhe a controladora)... depois perguntou-nos: “Os vossos comboios não são como estes?”
-“Não, não. It’s not a big country”. Ela acenou compreensivamente e a rir.
Trabalha no circo, desde pequena, tal como os pais. Já foi trapezista, agora tem 6 cavalos. Viajava de Moscovo, onde foi visitar a mãe, para a cidade onde o seu circo está. É essa a vida dela. Não quis dizer a idade, diz que e muito velha. A mim não me pareceu.
Ofereceu-me pão com carne e fez questão que comesse enquanto ela adormecia o filho que estava com a birra do sono. É comum para os russos partilharem a comida mesmo com quem não conhecem.
O comboio, para eles, é local de convivío e descontração. Todos vêm preparados para longas viagens com chinelos e calças confortáveis que vestem assim que chegam ao seu lugar. Há inclusive aqueles que se passeiam só em calções.
Cada carruagem é gerida por duas pessoas que se alternam. São os responsáveis por estar à porta a conferir os bilhetes, dar-nos as fronhas para a cama, vir acordar e avisar as pessoas da altura da saída e tratam da manutenção da carruagem e sua limpeza. De manhã aspiram o chão do corredor e de cada cabine. As casas de banho têm sempre papel e sabonete para as mãos, embora não haja duche. Tudo é ordeiramente arrumado e mantido em ordem.
Pode comprar-se chá ou ter acesso a água quente para café solúvel (se o levarmos) ou para refeições pré-cozinhadas.
Olho lá para fora, o embalo do comboio com a dança dos cabos de electricidade que vão passando à janela são hipnotizantes. Combato o sono para observar a paisagem. Verde e mais verde num terreno sempre plano. Já em pequena ia no carro e gostava de ir de olhos abertos. Queria absorver e memorizar tudo o que via, pensava eu. Há coisas que não mudam!
A ‘Lana’ desceu e veio um novo passageiro para a cama dela. Eu acho que ele está um pouco bêbedo e trouxe a cerveja com ele, que já entornou para o tapete. Viu que não falavámos russo, então começou a tentar falar inglês e disse que Portugal é fixe. Acho que percebi que ele trabalhou em Angola e no Congo.
O tempo passa rápido entre sestas, conversas e leituras. Demasiado rápido até. Parece que voa com a paisagem lá fora. Árvores alternam com pequenas povoações de madeira junto a cultivos. Penso que entendi que lhes chamam datsha. É o local para onde as pessoas vão ao fim de semana para trabalharem a terra.
Às 2h da manhã os senhores que iam connosco saíram. Desejaram-nos “Good luck and welcome to Russia!”
Entraram novas pessoas. É hora de ir dormir. Ninguém fala. O céu ainda está claro, acho que não escurece mais. Estamos em meados de Maio, em Junho de certeza que fica mais de dia ainda.
Novo dia. Acordei às 11h de Moscovo mas não sei que horas são agora. O senhor da cama de cima já saiu e outra senhora russa vê desenhos animados com a filha.
A paisagem não mudou, continua tudo plano e verde. De vez em quando aparecem umas casas de madeira muito pobres. São locais com a dimensão talvez das nossas vilas mais pequenas, mas com estradas por alcatroar.
Fez parecer que a Rússia é demasiado grande para se lembrarem de todos os lugares...

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Arrived at the big and busy Moscow train station, we easily found our train.
A nice lady at the door, who didn't speak English, saw our tickets and passports and making numbers with her hands showed us our seats.
In the cabin, where they were our two beds plus two others, was already a Russian woman, Svetlana, and her 2 year old son. Soon began to speak to us in a poor English that could be understood.
She didn't know where Portugal was, but Spain yes, so she spent the time saying that the Spanish were friendly and that she we thought that we have very beautiful features. We conclude, between laughs, that in fact the difference in ethnic diversity makes our esthetic concepts diverse. I explained to her that for us, her blue eyes were beautiful and she just said, shaking her head and smiling: "No, no! Your eyes!" - the most brown eyes ever!
It was she who kindly helped us understanding the functioning of the train: the bed posing for storing bags, small stairs to go to the top bed, the pillowcases that should be brought by the lady standing at the carriage door (we call her the controller actually)... And the she asked us: "Your trains are not like these ones?"
- " No, no. It's not a big country." She nodded understandingly and laughed.
She works in the circus, since her childhood, as her parents. Already worked as a trapeze, now has 6 horses. She traveled to Moscow to visit her mother, and now was returning to the city where the circus is. That's her life. She didn't want to say her age. She's to old, she says. It didn't seem to me!
Offered me bread with meat and made ​​sure I ate it while she was trying to put her son to sleep. It is common for the Russians to share food even with those who they don't know.
For them the train is a place of entertainment and relaxation. They all come prepared for long trips bringing their slippers and comfortable wearing pants that they wear as soon as they got their places. There are even those who wander only in shorts.
Each carriage is responsability of two persons who alternate between each other. They are responsible for being at the door to see the tickets, give us the pillowcases for the beds, wake up and warn people that they're arriving at their stops and deal with the maintenance of the carriage and its cleanliness. In the morning they're vacuuming the small corridor and each cabin. The bathrooms have always paper and hand soap, although there is no shower on it. Everything is neat and kept in order.
On the trains you can also buy tea or have access to hot water for instant coffee (if we brought it with us) or to pre-cooked meals.
I look outside, the train moviments with the dance of power lines that go through the window are hipnotising me. I fight against sleep to watch the scenery: green and plan land. Even when I was little, I used to go in tha car and I always liked to go with the eyes open. I wanted to absorb and memorize everything I sawt. Some things never change!
'Lana' went off and a new passenger came to her bed. I think he is a bit drunk and brought beer with him, which was already spilled onto the carpet. 
He saw that we didn't speak Russian, then started to try to speak English and said that Portugal is cool. I think I understood that he worked in Angola and Congo.
Time flies between naps, conversations and readings. Faster than it should. Looks like goes with the landscape outside. Trees alternate with small wooden villages along the crops. I think they call it datsha. It is the place where people go on the weekend to work the land.
At 2 AM the gentlemen who were in our cabin went off the train. They wished us "Good luck and welcome to Russia!"
New people entered. It's bedtime. No one speaks. The sky has still light, I think it does not get more dark. We are in the middle of May, in June for sure it will be day even later.
A new day comes. I woke up at 11 AM, Moscow time, but I don't know what time it is now. The man of one of the beds already left and another russian lady is watching cartoons with her ​​daughter .
The landscape has not changed, it remains flat and green. Occasionally some very poor wooden houses appear. These locals are perhaps of the size of portuguese smallest towns, but these ones with dirty roads.
It seems that Russia is too big to be all remembered...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Moscovo. Parte 2 / Moscow. Part 2

View to Moscow
Russian Ccuple on the Angara river
Galina's flat & Misha over my bed
Angara river
No nosso 3º dia em Moscovo, ainda a recuperarmos do cansaço e stress dos últimos dias em Portugal (mais do que das 3h de diferença), fomos sentar-nos junto ao Moskva river. Tinha chovido de manhã mas o céu voltara a estar azul. Um casal de russos à volta dos 40 anos veio sentar-se perto de nós. 
A senhora falou-nos a sorrir, tinha 3 dentes de ouro. Eu disse “english” e ela continuou a sorrir e prosseguiram para se ir sentar. Ela de saia, óculos de sol e mola a apanhar o cabelo. Ele de t-shirt e galças de ganga. Comem gelado e bebem cerveja, sentados no muro, agarrados junto ao rio. Riem alto.
Os russos mostram-se pessoas apaixonadas e divertidas.
Tínhamos ido aquela zona procurar um bunker do tempo da guerra fria, mas não fomos bem sucedidos. Já tinhamos lido que era difícil encontrá-lo e que não estava aberto a visitas individuais, mas gostávamos de tentar... Pena não estar mais bem assinalado!
Na nossa última noite em Moscovo fomos para “casa” mais cedo e na cozinha conhecemos um casal de franceses, o Léo e a Julie que também vão fazer o trans-mongoliano. Mas nós vamos partir um dia mais cedo. Por ironia do destino acabámos por descobrir que a nossa paragem de 1 noite em Ekaterimburgo nos irá fazer apanhar o mesmo comboio que eles até Irkutsk. Demos-lhes o número da nossa carruagem para nos procurarem.
Dia 18 de manhã despedimo-nos da Galina e do Misha, o gato que sempre dormia ao fundo da minha cama, e prosseguimos com as nossas mochilas.

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On our 3rd day in Moscow, still recovering from the fatigue and stress of the last days in Portugal (more than the 3 hour difference), we went to seat next to the Moskva river. It had rained in the morning but the sky was blue again. A couple of Russians around 40 years old came and sat near us. 
The lady smiled to us and talked, had three gold teeth. I said "English" and she continued to smile and proceeded to go sit. 
She dressed a skirt, sunglasses and a spring to catch the hair. He had a t-shirt and jeans. They started to eat ice cream and drink beer, sitting on the fence, hold together near the river. Laughing loudly.
The Russians seam passionate and fun people.
We had gone to that area to try to find a bunker from the cold war, but without success. We had already read that it was hard to find and it was not opened for individual visits, but still we'd like to try... Too bad it's not clearly signed!
On our last night in Moscow we went "home " earlier and met a French couple on the kitchen, Léo and Julie that will also travel in the trans-Mongolian. But we'll leave a day early. Ironically we eventually discover that our stop for one night in Ekaterinburg will make us take the same train to Irkutsk. We gave them our carriage number to try to find us later.
Day 18 in the morning we said goodbye to Galina and Misha , the cat who always slept at the bottom of my bed, and proceeded with our backpacks.


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Moscovo. Parte 1 / Moscow. Part 1






Moscovo (GMT +3. Horário de Verão). O nosso primeiro desafio foi trocar no aeroporto duas notas de 5000 rublos (+/- 100€) que tínhamos. Ninguém nos quis trocar porque eram muito elevadas e poucos falavam inglês. Ironicamente, só na cadeia americana do Burger King é que nos trocaram.
Tudo está em círilico portanto vamos tentando interpretar o alfabeto ou tentando confirmar direcções com alguém a quem apontamos o sítio para onde queremos ir no mapa. Não sei se é por termos as mochilas às costas, mas mesmo quem não sabia falar inglês tentava ajudar-nos. Eles falam em russo e nós em português e lá nos fazemos todos entender!
Apanhámos o comboio do aeroporto que tem ligação ao metro e, por fim, começámos a compreender o metro e quando já nos encaminhavamos para o nosso hostel, depois de termos ido buscar os bilhetes para o trans-mongoliano, estávamos nós parados na saída do metro a olhar o mapa e um rapaz de 13 anos abordou-nos em russo. Só quando lhe perguntei: “English?” é que começou a falar num inglês óptimo.
Os russos falam sempre primeiro em russo, muito convictos e, ao contrário dos portugueses, não falam mais alto ou mais devagar quando não os estamos a compreender. Só depois falam inglês, se souberem.
Então, o miúdo viu o nosso mapa e levou-nos ao hostel porque disse que era perto da sua casa. Foi bastante simpático da parte dele!
Foi assim que falámos um pouco com ele e nos disse que todos aprendem inglês na escola mas há uns professores melhores que outros.
Primeiro impacto: contra as minhas expectativas sinto-me bem em Moscovo, as pessoas tentam ser prestáveis e ajudar-nos.
À noite: o sol põe-se por volta das 22h. Às 22h30 ainda o céu tem réstias de luz. Há muita gente nas ruas com cervejas na mão ou em jardins onde se sentam em grupos a beber e a rir. Parece-me que aproveitam os finais de dias claros e quentes ao ar livre e entre amigos.
O hostel é basicamente a casa de uma senhora russa que vive com os seus gatos. A casa está cheia de tralha, enfeitada com luzes de Natal que piscam no corredor e os sapatos ficam à entrada. Mas a senhora, Galina, pôs-nos à vontade e prontificou-se a ajudar-nos no que puder.
O apartamento é velho, o prédio tem tralha pelas escadas todas, portas blindadas e espelhos grandes em frente a elas. Quer-me parecer que são quase todos assim, os prédios têm sempre um aspecto velho e sujo.
Há russas muito bonitas e, no geral, há muitas mulheres bem arranjadas que usam saltos muito altos e mini-saias. Mas, como em todo o lado, também há gordas, magras, mais bonitas e menos.
As portas dos prédios, lojas e cafés abrem para fora. Se há um bar que dá para a rua, a porta abre e quem vai no passeio leva com ela!
Os jardins estão sempre cheios (Moscovo também tem muita muita gente), as ruas são movimentadas, há imensa gente em todo o lado. Sinto a cidade segura por isso mesmo. Gosto do espírito da cidade, de sentir que as pessoas aproveitam o dia, de ficarem ao ar livre, de dançarem tango na rua, de rirem e beberem cervejas com amigos no parque, de virem falar connosco em russo e quando vêem que não percebemos ainda ficam atrapalhadas e pedem desculpa.

Gostei muito da Catedral de S. Basil, parece uma colorida casa de bonecas feita de doces e suspiros.

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Moscow (GMT+3). Our first challenge was to exchange two notes of 5000 rubles (+/- €100) at the airport. Nobody wanted to exchange because the value was very high and few persons spoke English . Ironically, only at the American Burger King our money was exchanged.
Everything is in Cyrillic so we keep trying to interpret the alphabet or to confirm directions that someone pointed out for the place we want to go on the map. Do not know if it's because we have our backpacks, but even those who do not speak English tried to help us. They speak Russian and we speak Portuguese and somehow we understand each other!
We caught the train from the airport which is connected to the metro and finally started to understand the subway and when we were going to our hostel after getting the tickets for the Trans-Mongolian, we stopped at the exit of the metro looking at the map and a 13 year old boy approached us in Russian. Only when I asked him: "English?" he began to speak it perfectly.
The Russians always speak first in Russian, very convinced and, unlike the Portuguese, they don't speak louder or slower when  not being understood. Only then speak English, if they know.
So, the kid saw our map and took us to the hostel because he said it was near his home. It was very nice of him!
That was how we talked a bit with him and he told us that everyone learns English in school but there are better teachers than others .
First impact: Against my expectations I feel good in Moscow, people try to be helpful and help us.
At evening: the sun sets around 22h. At 22.30 the sky still has strings of light. There are many people on the streets with beers in hand or in gardens where they sit in groups drinking and laughing. It seems to me that they enjoy the warm bright evenings outdoors, among friends.
The hostel is basically the home of a Russian lady who lives with her ​​cats. The house is full of junk, decorated with Christmas lights flashing in the hallway and the shoes are left at the entrance. But the lady, Galina, put us at ease and offered to help us in whatever she can.
The apartment is old, the building is full of stuff allong the stairs, and the steel-plated doors have large mirrors in front of them. It seems to me that almost every building is this way, with a dirty old appearance.
There are very beautiful Russian women and, in general, many of them dress well and wear high heels and mini-skirts. But like everywhere, there are fat, thin, more and less beautiful women.
The doors of buildings, shops and cafes open outwards. If there is a bar that faces the street, the door opens and who goes on the sidewalk can be hit!
The gardens are always full (Moscow also has a lot of people), the streets are busy, there are lots of people everywhere. I feel safe in the city for that. I like the spirit of the city, the feeling that people are enjoying the day, going out, dancing tango in the street, laughing and drinking beers with friends in the park, and I like when they come to speak to us in Russian and when they realize that we do not understand, still apologize.
Also enjoyed the Cathedral of St. Basil, seems a colorful doll house made out ​​of sweets and candys!

O que levo na mochila / What I packed for this trip

Como várias pessoas me perguntaram, deixo aqui o que levo comigo para a viagem:
2 mochilas. Uma grande de 60 litros e outra mais pequena, que transporto à frente, e onde levo a máquina fotográfica (Canon 7D) e objectivas (50 mm, 100mm macro e 10-20mm), computador, lenço para o pescoço, um livro de bolso, canivete suiço, carteira com dinheiro e fotocópias dos vistos, boletim de vacinas e passaporte, telemóvel, 2 cadeados pequenos e bloco de apontamentos.
Levo também uma bolsa pequena por baixo da roupa, onde guardarei algum dinheiro, fotografias tipo passe e documentos importantes como o passaporte.
Na mochila grande levo vários pares de meias e cuecas, 2 soutiens, bikini, um impermeável leve e pequeno, saco-cama e toalha light, os carregadores do material eléctrico, 2 camisolas polares (porque não trago nenhum casaco quente), 2 long sleeves, 3 t-shirts e 4 ou 5 tops, 2 vestidos, uns calções curtos, um par de calças de ganga e um par de calças de caminhada leves e largas que se transformam também em calções, e leggings compridas e um par de curtas. Levo ainda 2 casaquinhos pequenos que gosto de usar por cima das t-shirts e/ou tops quando não está frio mas também não está demasiado calor, os medicamentos e caixa de primeiros socorros, adaptador universal e ficha tripla, protector solar, repelente, e coisas de higiene pessoal assim como uma máquina depiladora. Trouxe tudo em pequenas embalagens e optei por trazer um sabonete numa caixa de plástico, uma vez que é algo que dura bastante.
Para calçar trago as botas de caminhada e uns chinelos.
No fim disto tudo a minha mochila maior não chegava a pesar 12 quilos, o que me fez ficar contente, mas agora (que já cá estou!) vejo que é peso a mais e se pudesse tinha deixado metade da roupa em casa. Bastam 3 t-shirts, por exemplo, para se estar confortável enquanto lavamos uma, temos mais duas. Mas para algumas pessoas, 2 t-shirts bastariam. Na maioria dos sítios onde estarei vai estar imenso calor, por isso, toda a roupa quente só serve para a Rússia e Mongólia, e talvez algumas partes a elevada altitude da IÍndia e Nepal, e por isso, penso que os 2 polares e o impermeável bastariam (mas à data de publicação deste post já verifiquei que há cidades russas bem frias, e toda a roupa quente que trouxe fez-me um grande jeito!).
Agora já está, apesar de ter simplificado ao máximo tendo em conta que não saberei a duração da minha viagem, fica a lição para a próxima!

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As several people asked me, I'm writing here what I packed with me for the trip: 
2 backpacks. A 60 liter's one and other smaller, which I will take in the front. Inside I'll have the camera (Canon 7D) and the lenses (50mm, 100mm macro and 10-20mm), computer, scarf for the neck, Suisse knife, a pocketbook, the wallet with cash and photocopies of visas, vaccination history and passport, mobile phone, 2 small lockers and a notepad. 
I also take a small bag under my clothes, where I'll keep some cash, my photos and important documents such as the passport.
In the bigger backpack I bring several socks and pants, 2 bras, a bikini, a small lightweight raincoat, light sleeping bag and towel, all the chargers from the electrical gear, 2 polar sweaters (because I don’t bring any warm jacket), 2 long sleeves, 3 t-shirts and 4 or 5 tank tops, 2 dresses, 1 small shorts, a pair of jeans and a pair of lightweight hiking pants that turn also to shorts, long leggings and a pair of short ones. I also take 2 small cardigans I like to wear over tees and/or tank tops when it’s not too cold or too hot, medicines, first aid kit, universal adapter and power strip, sunscreen, insect repellent, personal hygiene stuff as well as an epilator machine. Everything in small packages and chose to bring a bar of soap in a plastic box, since it is something that lasts long. For footwear I bring hiking boots and slippers. At the end of it all my biggest backpack did not quite weigh 12 kilograms, which made me happy, but now (that I'm already here!) I realize it is too much weight and which I had left half the clothes at home. It takes 3 t-shirts, for example, to be comfortable while washing one, I have two more. But for some people, 2 t-shirts it’s enough. In most places I'll go it will be hot enough, so all the warm clothing is good for Russia and Mongolia and maybe some parts of India and Nepal with high altitudes, so I think 2 polar sweaters and the raincoat is sufficient (but at the date of publication of this post I have already checked that there are really cold Russian cities, and all the warm clothes came in handy!).

Now it is done, despite having simplified the best I could as I don’t know how long the trip will be, I’ve learned the lesson for the next time!

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Novo site para a nossa viagem! / New website for our trip!

Temos um novo site que criámos de propósito para ir actualizando a nossa mais recente viagem.
Continuaremos com este blog, mas no site estará compilada a informação do blog, do facebook e ainda colocaremos lá fotografias e desenhos que não publicamos aqui. Poder-se-á consultar também um mapa com os sítios por onde vamos passar e onde passámos. 
Tudo para manter a viagem actualizada!!!
Visitem e deixem o vosso feedback!

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We have a new website that we created just to update our latest trip. 
We will continue with this blog, but the site will compile information from the blog, from facebook and we will also put there photos and sketches that we can not publish here. There will be a map with the places that we had visited and the ones we will be visiting. 
Everything to keep the trip updated!!!

Drop by and leave your feedback!
http://photosketching.wix.com/travels

terça-feira, 13 de maio de 2014

Visitar a China. O que é necessário para o visto/ Visiting China. What is needed to apply for the visa

A China é um país complicado para obter o visto se não se tiver uma viagem organizada e pensada ou se não se for com uma agência de viagens.
O nosso maior problema foi decidir tão atempadamente o que iríamos visitar e durante quanto tempo, principalmente porque, para obtenção do visto, é exigida informação sobre o itinerário e a apresentação de bilhetes de entrada e saída do país, o que para quem procura uma viagem espontânea pode ser complicado pois além de termos de já estar a pensar quando e onde iremos sair da China, temos também de comprar algum bilhete, tornando-se mais fácil comprar um de avião para algum país vizinho!
Para além das vacinas necessárias, que já abordamos noutro post sobre os preparativos para a viagem, necessitámos do formulário de pedido preenchido, passaporte em dia e fotocópia da folha de identificação deste, uma fotografia, os bilhetes das viagens de entrada e saída do país e uma declaração da entidade patronal timbrada, carimbada e assinada. 
No nosso caso, como desempregados, tivemos de escrever uma declaração pessoal a indicar a nossa profissão (porque é o mesmo processo para trabalhadores independentes) e a explicar o motivo da viagem. Juntámos a isso uma cópia do nosso extracto bancário que terá de ter um saldo superior a 1000 euros por pessoa.
Ainda levámos os papéis da apólice do seguro de viagem e reservas de hostéis, mas não foi necessário deixar.
Toda a documentação é entregue no Serviço Consular e não na embaixada.
Para termos a certeza que tínhamos tudo, ligámos para lá e todas as nossas questões foram respondidas prontamente e de forma muito simpática. 
Não foi necessário fazer marcação. O serviço consular está aberto para entrega do pedido de vistos de 2ª a 6ª das 9h às 12h. O visto de entrada única na China custou 35 euros e demorou 4 dias úteis a estar pronto.
Toda a informação necessária pode ser encontrada aqui.

Agora que falta praticamente 1 dia para irmos, ainda tentaremos deixar um post sobre o que vamos levar e onde, já que muitos amigos nos têm perguntado isso! Até já!

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China is a difficult country to get a visa if you don't have an organized trip or if you don´t go with a travel agency.
Our biggest problem was to decide so earlier what we were going to visit and for how long, mainly because we really needed the arrival and departure's tickets and information about the itinerary, which for those looking for a spontaneous trip can be difficult because we have to think about when and where we leave China and we also have to buy some tickets! That's why is easier to buy a flight to some neighbouring country!
Beyond the necessary vaccines, which we've written in another post about preparations for the trip, we needed the completed visa application form, the passport and a photocopy of it, a photo, the arrival and departure's tickets and a certification letter form the working unit stamped and signed.
In our case, as unemployeds, we had to write a personal statement indicating our profession (it is the same process for independent workers) and explaining the reason of the trip. We've also collected a copy of our bank's extract which must have a value exceeding €1000 per person.
We also took the travel insurance documentation and hostels booking, but it was not necessary.
In Portugal, all the documentation is delivered in the Consular Service and not at the embassy.
To make sure we had everything we called them and all our questions were answered promptly and with a very friendly manner.
There was no need to make an appointment, the Consular Service is open for visa applications from monday to friday from 9am to 12pm. The single entry visa in China costs 35 euros and it took 4 days to be ready.
All the necessary information can be found here (only PT) and here.

Now that we're only a day of the departure and because a lot of our friends have asked it, we will try to write here a post about what we are taking with us and where. Até já!
Formulário de pedido de visto / Visa application form
Visto da China / Chinese Visa


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Trans-Mongoliano, Rússia e Mongólia. Bilhetes e Vistos - o que fazer / Tickets and visas - what to do.

A nossa viagem começava por Moscovo, portanto foi por aí que começámos a organizar tudo.
Primeiramente era necessário ter o bilhete do Trans-Mongoliano. Um dos sites que mais nos ajudou com a informação necessária foi o Real Russia. Através deste site pudemos ver quais as rotas do Trans-siberiano e as paragens possíveis, e foi assim que calculámos a nossa viagem, onde queríamos parar, quantos dias e comprámos o bilhete! Foi só ir aqui, colocar data de partida, e as cidades onde paramos, enviar o pedido e eles trataram da compra do bilhete, do cálculo do total (depois da escolha dos comboios, alguns não apresentam o preço disponível. O nosso total ficou em 538€) e ainda nos deram o convite que é necessário ter para entrar na Rússia e para apresentar no serviço de vistos. É um site muito prático no que concerne a viagens para a Rússia. Podem ajudar com reservas de hóteis e outros bilhetes, incluíndo tours específicas, se assim forem desejadas.
O chamado e conhecido "trans-siberiano" tem 3 rotas possíveis: trans-siberiano (S. Petersburgo a Vladivostok. Atravessa a Rússia pela Sibéria e termina do extremo Este do mesmo país), o trans-mongoliano (S. Petersburgo ou Moscovo a Pequim. Atravessa a Rússia, desce para a Mongólia e termina na China), o trans-manchuriano (de S. Petersburgo a Pequim sem atravessar a Mongólia). Não é só um comboio, como muita gente pensa. É uma rota feita por vários comboios, de vários tipos e preços. Pode-se sair de um numa cidade e apanhar outro diferente depois. 
Os bilhetes podem ser comprados na altura, mas não é recomendado, uma vez que pode estar cheio ou pode ser difícil comunicar em inglês.
Todo este processo de recolha de informação e decisão foi demorado mas conseguimos determinar que gostaríamos de fazer algumas paragens em Yekaterimburgo, Irkutsk e Ulan-Ude. Na Mongólia só há a paragem em Ulan Bator e depois, Pequim. Assim não faremos o percurso todo de seguida e poderemos visitar diferentes partes da Rússia.

Fonte: http://www.ultimatetrainchallenge.com/news/trans-manchurian-railroad-via-real-russia-uk/
Para obter o visto da Rússia foi necessário ter os bilhetes de entrada e saída do país (com o bilhete do Trans-Mongoliano já comprado tornou-se mais simples), é ainda necessário o passaporte, um formulário preenchido, o convite de entrada (obtido com a agência do comboio), uma fotografia e seguro de viagem (fizemos o nosso com a World Nomads: tem uma boa cobertura e pode ser prolongado em viagem, se necessitarmos de estender a permanência fora). Para informações em português, está tudo no Secção Consular da embaixada da Russia em Portugal, ou no site do centro de vistos da Russia, local onde nos devemos dirigir em Lisboa após marcação online.
O visto custou 60 euros e eles dizem que demora 10 dias a estar pronto, mas na verdade, o nosso ficou eficientemente pronto no mesmo dia. Como ficou disponível mais cedo, enviaram-nos um mail a avisar que já o podíamos ir buscar. É importante saber que na Russia é obrigatório registar o visto à chegada, se estivermos mais de 7 dias úteis nalguma cidade. A Way to Russia tem toda a informação sobre o que é preciso fazer, e sobre a legislação. É um guia de viagens na Russia muito completo que nos ajudou bastante.
O visto da Mongólia, o qual também necessitamos, pode ser obtido em qualquer embaixada da Mongólia pelo mundo. Como não temos nenhuma em Portugal, nós trataremos disso em Irkutsk, Rússia. 
Será necessário preencher um formulário que nos dão na altura, o passaporte, um convite também dado por eles, uma foto e o pagamento. O visto normal custa à volta de 50 dólares. Achámos necessário ligar para eles para saber se podíamos mesmo obter o visto lá e qual o horário de funcionamento. Eles fecham à 4ª feira e demoram 5 dias úteis a entregar o visto em tempo normal. Para mais informações sobre preços, tipos de vistos e moradas das embaixadas e consulados da Mongólia existentes, está tudo aqui.

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Our trip begins in Moscow, so this is where we started to organize everything.
First it was necessary to have the ticket of the Trans-Mongolian. One of the sites that helped us with more information required was the Real Russia. Through this site we can see the Transiberian routes and the possible stops. That's how we calculated our trip, where we wanted to stop, how many days and then, we bought the ticket! You just have to go here, put the departure's date and the cities where we want to stop, send the request and they handled with the purchase of the ticket, the calculation of the total (after the choice of trains, some do not have the price available. Our total was € 538) and they even gave the invitation that we needed to enter Russia and to present at the visa service. It is a very practical site when it comes to travel to Russia. They can assist you with hotels booking and other tickets, including special tours if desired.
The so called and known "Transiberian" has 3 possible routes: Transiberian: (St. Petersburg to Vladivostok. Crosses Russia through Siberia and ends at the eastern coast of the same country), the Trans-Mongolian (St. Petersburg or Moscow to Beijing . Crosses Russia, goes to Mongolia and ends in China), the Trans-Manchurian (St. Petersburg to Beijing without crossing Mongolia). 
It isn't just one train, as many people think. It is a route taken by several trains of different types and prices. You can stop in a city and get a different train later.
Tickets can be purchased at the time, but is not recommended, since it can be full or it can be difficult to communicate in English.
This whole process of information gathering and decision was slow but we managed to decide that we would make a few stops in Yekaterimburgo , Irkutsk and Ulan-Ude. In Mongolia the only stop is in Ulan Bator and then Beijing, China. This way we don'y do the whole route once and we will visit different parts of Russia.

To obtain the russian visa was necessary to have the tickets of entrance and exit of the country (with the trans-mongolian ticket already purchased it became easier), you also need your passport , a completed form, the invitation (obtained with the train's agency), one photography and travel insurance (our was made with World Nomads: it has a good coverage and can be extended while traveling, if we need to extend our trip). 
The visa costs 60 euros and they say it takes 10 days to be ready, but in fact, our was efficiently ready on the same day. They just sent us an email to let us know that we could already get it. In Portugal we had to go the a visa center and not to the embassy. It is important to know that the visa registration is needed if the stay in any Russian city is more than 7 working days. You can read all about it in Way to Russia
The Mongolian visa, which we also need, can be obtained from any Mongolian Embassy worldwide. As there are no Mongolian embassies in Portugal, we will deal with that in Irkutsk, Russia.
We need to complete a form that they'll give us there, a passport, an invitation also given there, a photo and the payment. The normal visa costs around $50. 
We called them to find out if we could even get the visa there and to know the consulate's schedulle. They close on wednesdays and it takes 5 days to get the normal turistic visa ready. For more information about prices, visas and addresses of embassies and consulates of Mongolia, it's all here.
Bilhete de avião / Flight ticket
Compra do bilhete do Trans-Mongoliano / Trans-mongolian buy
Visto da Rússia / Russian visa



sexta-feira, 9 de maio de 2014

From Russia to New Zealand. Travel preparations II

A pesquisa na internet é fundamental para sabermos que passos tomar e onde nos dirigirmos.
Começámos a definir o que fazer e a perceber qual a documentação necessária e onde a entregar.
Fomos à Decathlon comprar material que precisávamos como sacos-cama light (mais pequenos e leves), calças de caminhada, impermeáveis, toalhas de secagem rápida, bolsas para levar o dinheiro dentro da roupa...
Comprámos novas mochilas de caminhada. O Zé aproveitou uma promoção na Decathlon e trouxe uma da Quechua de 70+10 litros por 100 euros e eu encontrei uma da Berg de 60 litros por 15 euros num outlet.
Marcámos a Consulta do Viajante no Hospital Curry Cabral, pois descobrimos através da internet que vários hospitais a fazem, mas há uma lista de espera muito grande. O Instituto de Medicina Tropical cobra 50€ pela consulta e o Curry Cabral cobrou-nos o valor da taxa moderadora: 7,75€. 
Depois de mais de 1 mês de espera lá fomos consultar a médica que nos aconselhou durante 1hora e nos passou vacinas que andámos a tomar até à semana passada:
Febre Tifóide, Menigite, Hepatite B, Hepatite A (2 doses. A segunda é tomada passados 6 meses) e Encefalite Japonesa (aconselhada a quem está mais de 3 semanas na Ásia. São 2 doses com 28 dias de intervalo). Trouxemos ainda receitas para comprimidos para fazer a profilaxia da malária e comprimidos para a altitude, no caso de querermos visitar cidades em altitudes elevadas e que nos podem causar a chamada Doença da Altitude (Acute Mountain Sickness) que pode causar, em casos extremos, edemas cerebrais e perda de consciência ao atingir mais de 2500 metros de altitude.
Alertou-nos ainda para o uso sistemático de repelentes, assim como roupas frescas mas que nos cubram completamente para protecção da malária e do dengue.
Bem, em vacinas e comprimidos gastámos à volta de 250€ por pessoa. Os repelentes vamos levar os que temos e depois compramos outros ao chegar aos países pois lemos que os que compramos cá em Portugal têm uma percentagem de DEET baixa para o Sudeste Asiático. Serão necessários repelentes com 50-90% de DEET, dependendo da zona de risco. Os nossos comprados em Portugal têm 20-25%. 
Foi uma boa informação que encontrámos no blog Crónicas de um VagaMundo!
Para além disso, iremos sempre consultar o site FitforTravel que nos fornece mapas mais pormenorizados sobre a situação do risco da malária em cada país.
Outro passo a dar foi vender o meu velho e pesado portátil trocando-o por um bem mais pequeno e leve em 2ª mão e pagando a diferença. Assim poderei levá-lo comigo sem problemas. 
Queria comprar um com um desempenho razoável mas não queria gastar muito pois correrei o risco de o perder, estragar ou ser roubada. Acabei por comprar um por 420€.
Comprámos adaptadores universais para os aparelhos eléctricos que nos custaram 3€ nos chineses, renovei o meu cartão de cidadão (15€) e o passaporte (65€), comprámos 2 anos de assinatura no site Workaway (29€ para 2 pessoas), para que possamos ter acesso a projectos de voluntariado pelo mundo a fim de participarmos nos que pudermos. 
Quando nos vimos pressionados a escolher a data de partida, comprámos o bilhete de avião para Moscovo pela TAP por 191 euros por pessoa.
Estes foram os nossos primeiros passos. Outras coisas que achei importante não esquecer antes da partida foi verificar se todos os meus documentos estavam em dia, levar comigo todos os códigos que posso precisar (acesso ao e-banking, ao portal das finanças e outros...), pois nunca se sabe quando terei assuntos a resolver, e marcar consultas com o dentista e médico de família para ver se está tudo bem, já que ninguém quer ter problemas de dentes a milhares de quilómetros de casa!
Importante não esquecer de preparar uma caixa de primeiros-socorros (que a médica ajudou a completar) com ligaduras, pensos, creme para feridas, paracetamol, antibiótico, creme para picadas e queimaduras, creme para entorses, antigripal, comprimidos para a diarreia e ainda fomos comprar um suplemento multivitamínico e um suplemento para reforço do sistema imunitário, pois nunca sabemos o tipo de alimentação que vamos ter e todas as ajudas são boas para reforçar o sistema!
Por último, verificar se temos todas as direcções necessárias para onde queremos ir ao chegar às cidades e várias fotocópias do passaporte e boletim de vacinas pois no caso de alguém nos pedir, nunca deveremos entregar o original!
Depois disto, chegam os documentos para obtenção dos vistos. Assunto que escreverei no próximo post!

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The internet research is critical to know which steps we should take and which places we have to go.
We began to define and understand which paperwork we needed and where to deliver it.
We went to Decathlon to buy some equipment such as light sleeping bags (smaller and lighter), hiking pants, rain covers, quick-drying towels, money belts...
We bought new backpacks. Zé bought a Quechua 70 +10 liters backpack for 100 euros on sale and I found a Berg 60 liters for 15 euros in an outlet.
We scheduled an appointment with a travel medicine specialist at the Curry Cabral Hospital, because we discovered many hospitals in Lisbon have this service, but there is a long waiting list. The Institute of Tropical Medicine charges 50€ and Curry Cabral only charged the tax: € 7.75.
After more than 1 month of waiting we went there to consult the doctor who advised us during 1 hour and prescribed the vaccines that we have been taking until last week:
Typhoid , meningitis, Hepatitis B, Hepatitis A (2 doses. The second one is taken after 6 months) and Japanese encephalitis (recommended to those who are going to be more than three weeks in Asia. 2 doses 28 days apart). Also brought recipes for pills to make the malaria prophylaxis and pills for altitude, if we want to visit high places that can cause the called Acute Mountain Sickness which can cause, in extreme cases, brain edema and loss of consciousness when over 2500 meters.
The doctor also warned us to the use of repellents and fresh clothes that covers us completly for protection against malaria and dengue.
Well, between vaccines and pills we spent about 250€ each. We'll take the insect repellents we already have and get some other with higher DEET percentage when going to places with high risk of these diseases. Ours have 20-25% DEET which is low for southeast asia where repellents with 50-90% DEET, depending on the risk zone, are necessary. It was a good information found on the blog Crónicas de um VagaMundo!
We will be checking the website FitforTravel which gives us detailed maps about the risk of malaria in each country.
Another step to take was to change my heavy and old laptop for a smaller and lighter one in 2nd hand, paying for the difference. This way I can take it with me without any problem. I wanted to buy a computer with a reasonable level of performance but didn't want to spend much given the risk of losing it, screw it up or be stolen. I ended up buying one for 420€.
We got universal electrical adapters for 3€ at the chinese store, I renewed my ID card (15€) and passport (65€), bought a 2 years subscription site Workaway (29€ for both of us), so that we can have access to volunteer projects around the world. 
When we felt pressured to set a date, we bought the plane ticket to Moscow (TAP for 191€ each).
These were our first steps. Other things I found important not to forget before departure was to be sure that all my documents were up to date, take with me all the codes that I need (such as access to e-banking, to the portal of portuguese finances and others...), because you never know when we will have issues to solve, and we made appointments with the dentist and the doctor to see if everything was fine, since nobody wants to have teeth problems thousands of miles away from home!
It's important to prepare a first aid kit (the doctor helped us with that) with bandages, medical dressings, cream for wounds, paracetamol, antibiotic, cream for bites and burns, cream for sprains, anti flu pills, diarrhea pills and we also bought a multivitamin supplement and a supplement for strengthening the immune system, because you never know what we're going to be eating and all the help is good to reinforce the system!
Finally, is good to verify if we have all the directions to where we want to go when we'll arrive on the cities, and we also took several passport and vaccination record photocopies because if someone asks us, we must never give the original one! 
After this, comes all the documentation to obtain visas. But I'll write about it in the next post!

As últimas vacinações! // The last travel vaccinations!



segunda-feira, 5 de maio de 2014

From Russia to New Zealand. Travel preparations I

Decidimos realizar um sonho antigo: viajar pelo mundo sem data de regresso. Principal objectivo: Ir da Rússia à Nova Zelândia.
O Zé terminou a bolsa e não procurou mais trabalho e eu despedi-me do meu contrato efectivo, larguei as amarras que me prendiam e os medos que não me deixavam decidir e começámos a preparação.
Nunca fomos de planear muito as nossas viagens e por isso assustei-me um pouco com a ideia de ter pouco mais de 2 meses para planear uma viagem grande. Mas tudo se faz! 
Nas viagens, tal como na minha vida, tenho a sorte de poder deixar-me ir com o vento e ser feliz assim.
No final, não é só isso que importa?

Depois da decisão, começámos a procurar artigos de viagem, cada vez venço mais os medos de partir e deixar o que é seguro e ganho uma enorme vontade de ir.
A questão inicial é sempre quando ir, por onde e o que visitar. 
A vontade de ir é imensa porque se não for agora, temo que não seja. E porque voltarei com novas ideias e experiências. 
Inicialmente muitas dúvidas nos invadem:
Porque temos de assentar num sítio?
Vou viajar porquê? Porque fujo e procuro algo que não estou a encontrar? Muitas vezes o que procuramos está debaixo do nosso nariz, por isso é bom interiorizarmos o que buscamos afinal. 

Às vezes conclui-se que é necessário ir para sabermos onde queremos mesmo estar.
Mas queremos mesmo ir e deixar tudo para trás?
Estaremos a tomar a melhor decisão? 
O melhor de tudo é não pensar de mais e deixar falar o coração.
O Mundo e a Vida, para mim, não são para sufocarmos e vivermos a lamentar-nos. Vida é descobrir, experienciar... é Ser!
Largar tudo a que nos apegamos é um bom exercício. Sentir o mundo!
De inicio o exercício do desapego é fundamental: tomar interiormente consciência da decisão, contar à família, deixar cá os meus cães de quem sentirei imensa falta, e a pouco e pouco, tudo se vai moldando... largar o trabalho, deixar tudo pronto para a ida, reencaminhar assuntos, avisar entidades que nos ausentaremos, deitar tralha fora, vender outra... até a minha caixa de e-mail sofreu uma limpeza que precisava há muito tempo e que acabava sempre adiada!

Agora estamos a pouco menos de 10 dias da nossa partida e tudo toma forma, mas o tempo corre rápido e ainda há muito a fazer... por isso todos os dias nos trazem um friozinho na barriga.
Como finalmente começou um novo mês e o meu contrato de trabalho acabou, procuro ter mais tempo para actualizar tudo o que fizemos até aqui. 

No próximo post continuaremos a descrever os primeiros preparativos, como vacinas, primeiras viagens e algum material necessário e depois falaremos sobre a preparação da viagem para a Rússia e o Trans-Mongoliano.
Quanto às despesas, tentaremos ir sempre actualizando os gastos que estamos a ter no total. 
Muita gente pensa que para se viajar é preciso ser rico, mas se soubermos fazer escolhas as coisas concretizam-se. Nós estamos a juntar dinheiro há sensivelmente 3 anos, mas para isso também optámos por não ter habitação própria a fim de minimizar as despesas. Eu impus um limite por mês, de modo a que pudesse poupar todos os meses determinado valor. E além disso, há sempre opções a fazer no que toca a gastar dinheiro. E não foi, para mim, uma questão de sacrifício, mas sim uma questão de mentalidade: se for feliz com pequenas coisas e se não der valor apenas ao que é caro, procurando alternativas plausíveis, pouparei sem esforço.

Vamos procurar relatar o que vemos através do desenho e das fotografias. Duas visões da mesma vivência. Histórias que poderão ser acompanhadas no nosso blog e na página do facebook: Diários da Errância.

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We decided to make an old dream come true: travel the world with no return date previously set. Main goal: Go from Russia to New Zealand.
Zé finished his fellowship and I said goodbye to my permanent contract, dropped the shackles that bound me and the fear that wouldn't let me decide and we started preparing.
We have never been the planning type, so I felt a bit scared with the idea of having little more than 2 months to plan such a big trip. 
In my life, as as I travel, I'm lucky to be allowed to let me go with the wind and be happy just like that.
In the end, it's all that matters, right?

After we decided to go, we began to search for travel articles, as I conquer my fears of letting a safe life behind I get a huge desire of just go!
The first question is always when to go, where and what to visit.
The desire to go is huge, mainly because if not now, maybe never. And also because I'll return with new ideas and experiences.
Initially all kinds of doubts come to us: 
Why should we settle on a single place?  
Why am I traveling? 
Am I running from something I'm not finding? 
Often, what we seek is right under our noses, so probably it's a good idea to get to know what we seek after all.

Sometimes we realize it's necessary to go, to know where we really want to be. Do we really want to go and leave it all behind?
Are we making the best decision?
The best is not to overthink and let the heart speak for itself.
The World and Life, to me, are not to suffocate and sorrow. Life is to discover, to experience… To be!
To drop everything it's a good exercise. Feel the world! 
At first, detachment is essential: become aware of the decision, tell the family, leave my dogs here.. I will miss them so much! Slowly things come to shape. quit my job, get everything ready for the departure, let people know we'll not be here for a while, throw out stuff, sell stuff.. even my mailbox was cleaned, something I should have done ages ago and always got delayed!

Now we are almost 10 days away from our departure and everything comes to shape, but time moves fast and there is still much to do… so every day we feel tingly inside. As a new month begins and my working contract is over, I'm trying to have more time to update everything we've done so far.
In the next post we will continue to describe the initial preparations such as vaccines, first travel tickets and some equipment needed and, after that, we will write about the travel preparations to Russia and to the Trans-Mongolian.
We will try to update all the expenses we're having in total. 
Many people think that to travel we have to be rich, but if we choose well, things get done. We have been raising money for about three years. For that we opted not to have an home of our own, I set a month limit so that I could save the same every month and besides, there are always choices to make when it comes to spending money. For me, it is not a matter of sacrifice as much as a matter of mentality: if I'm happy with small things and not just to what is expensive, looking for alternatives, I can save money with little or no effort.

We will seek to report what we see trough drawings and photographs. Two views of the same experience. Stories that can be followed on our blog and on our Facebook page: Diários da Errância.
Diário de Viagem // Travel Journal
De Comboio através da Ásia - Procurando ideias // By Trains through Asia - Searching for ideas
Carta de rescisão de contracto // Resignation letter