quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Khuzir

Khuzir

Prayers site, Shaman rock

Khuzir road

Shaman ritual
Paths go apart

























High view point, Khuzir

Khuzir (GMT+8).

Há sempre dias de melhor ou pior humor, e quando se viaja não é excepção. Seja porque há dias que as coisas não nos correm bem, ou porque não gostamos particularmente de um sítio ou das pessoas que nos rodeiam naquele momento. Há sempre dias em que não apetece ver ninguém ou não apetece falar com ninguém.
Uma das coisas boas enquanto se viaja e se tem de conviver e partilhar espaços com outras pessoas é aprendermos a ser realmente donos do nosso espaço. Podemos sentar-nos numa cama a ler e não falar e ninguém nos irá julgar por isso. E se o fizer, também não nos interessará muito pois amanhã já não estaremos no mesmo sítio. É bom aprendermos a ouvir-nos e a dizer que não.
A música é e sempre será uma grande ajuda nesses momentos. Consegue levantar-me o ânimo e fazer-me deixar de sentir o coração pesado. Afinal, mesmo que nem sempre me apeteça falar com alguém, tenho o privilégio de estar bem e num sítio que escolhi para estar.
Hoje é o nosso último dia na ilha. Fomos fazer mais uma caminhada, desta vez até a um ponto alto para podermos ter uma melhor vista de toda a ilha. O Léo e a Julie acompanharam-nos pois eles iam prosseguir o caminho atravessando a ilha, até à outra costa. Planearam passar uma ou duas noites na tenda, dormindo por onde lhes apetecesse, e depois voltar a Khuzir.
No dia anterior tínhamos ido todos para uma das praias e mergulhámo-nos nas águas geladas do lago na esperança que o dito popular esteja certo e que ganhemos mais uns anos de vida!
Chegado foi o momento em que literalmente os nossos caminhos se separavam: eles continuavam em frente e nós viraríamos à direita para o monte. Despedimo-nos dos nossos companheiros dos últimos dias desejando-lhes o melhor que a vida lhes tem para oferecer e vimo-los desaparecer atrás das colinas verdes de Olkhon.
Nós ficámos a contemplar a vista sobre a ilha, de um lado o lago, do outro uma densa floresta de pinheiros, e ao longe a cidade principal. O tempo incerto fez-se notar hoje novamente. Fez calor, depois veio um vento terrivelmente frio que trouxe alguns chuviscos que depressa passaram para o céu voltar a abrir e o sol aquecer-nos.
Os pássaros e insectos passavam à nossa volta nas suas atarefadas vidas e era só isso que se ouvia: os cantares suaves, zumbidos breves e o vento. Uma vez por outra, sentia-se um carro que passava ao fundo, na estrada que vem de sul.
No regresso à cidade fomos até à Rocha do Xamã para ver se víamos as marmotas e deparámo-nos com um ritual xamã que ficámos a observar. Todos estavam em grupo junto ao local de oração (uns paus em fila e ao alto com fitas atadas à volta e pedras grandes alinhadas em frente destes) e comiam animadamente e partilhavam comida. Depois (e sem percebermos a ordem) deitavam leite e vodka para uma fogueira, punham uma moeda em cima de uma das pedras e seguidamente alguma comida e mais leite e vodka. Também pronunciavam palavras enquanto o faziam, e depois atavam fitas à volta dos paus.
Ficámos ali tanto tempo a observar que nos vieram oferecer comida também. Sem sabermos bem o que fazer, acabámos por deixar a nossa parte de oferenda numa pedra e prosseguimos caminho.
Coincidência ou não, o céu cinzento abriu-se e o sol surgiu enquanto eles ali estiveram...

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There are always days with a better or worse mood, and when traveling is no exception. Either because there are days when things are not going well or because we do not necessarily like a place, or the people around us at that moment. There are always days when you do not feel like seeing anyone or do not feel like talking to anyone.
One of the good things while traveling and have to socialize and share the spaces with others is learning to truly own our space. We can sit in the bed reading and not talk and no one will judge you for it. And if someone does, it does not matter much because tomorrow we are no longer in the same place. It's good to learn to listen to us and say no.
Music is and always will be a great help on these times. Gets me with better mood and makes me stop feeling such a heavy heart. After all, even if not always feel like talking to someone, I have the privilege of being well and on the place I have chosen to be.
Today is our last day on the island. We did one more walk, this time to a high point in order to have a better view of the whole island. Leo and Julie accompanied us they were going to continue the way across the island to the opposite shore. They planned to spend one or two nights in the tent, sleeping where they sprang, and then return to Khuzir.
The day before we had gone all to one of the beaches and dive in the icy waters of the lake with the hope that the saying is right and we win a few more years of life!
The moment our paths diverged, literally, arrived: they continued forward and we turned right to the hill. We said goodbye to our fellows from the last days wishing them the best that life has to offer them and saw them disappear behind the hills of Olkhon.
We fell to admire the view of the island, on one side the lake, on the other a dense pine forest, and the main town far down. The uncertain weather became noted again today. It was hot, then came a bitter cold wind that brought drizzle that quickly went back to open sky and the sun warm us.
The birds and insects passed around us in their busy lives and that was all that was heard: the soft singing, brief tinnitus and the wind. Once in a while, we heard a passing car in the background, on the road from the south.
Returning to town we went to the Shaman Rock to look for marmots and we faced a shaman ritual and stopped there watching. Everyone gathered in the place of prayer (a few wooden bars in a row tied around with silk cloths and great stones lined up in front of these) and ate happily and shared food. After (and without realizing the order) lay milk and vodka to a fire, they put a coin on top of one of the stones and then some food and more milk and vodka. Also pronouncing words as they did this, and then they tied ribbons around the poles.
We stayed there so long watching that some of them came to offer us food too. Without knowing what to do, we ended up leaving our part of offering on a stone and proceed.
Coincidence or not, the gray skies opened up and the sun came up while they were there...


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