segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Fim-de-semana por Porto Covo

Há fins de semana que sabem a 2 semanas de férias de tão intensos que são.
Chegamos a domingo com uma sensação de alma cheia e satisfação. Segunda-feira ainda me sentia em férias! Porto Covo foi isso mesmo.

Partimos sexta à noite depois do trabalho e depois de deixarmos escoar o trânsito da ponte 25 de Abril. Seguimos pelas estradas nacionais assim que pudemos e chegámos já depois da meia-noite a S. Teutónio, onde uns amigos tinham alugado uma casa para a semana.
Uma casa enorme, rodeada de silêncio, que encontraram para alugar na net.


Sábado deixou-se a casa e seguiu-se para Porto Covo, para um belo dia de praia.
Para dormir, como não fizemos planos, estacionámos o carro junto a uma praia com acesso por um caminho de terra batida aos altos e baixos e cujo parque de estacionamento tinha apenas uma auto-caravana. 
Adormecemos a ouvir o mar e acordámos com a Ilha do Pessegueiro no horizonte.
Praia do Queimado com a Ilha do Pessegueiro ao fundo
Local de pernoita
É uma maravilhosa sensação de liberdade podermos dormir com vista privilegiada para o Oceano e escolhermos onde ficar. Desde que se tenha sempre em atenção deixar o lugar onde estivemos como o encontrámos.


Junto ao local onde estávamos estacionados passava a Rota Vicentina, "uma rede de percursos pedestres no Sw de Portugal, totalizando 400 km para caminhar, ao longo de uma das mais belas e bem preservadas zonas costeiras do sul da Europa."
Com um pouco de pesquisa verificámos que o Trilho dos Pescadores (que faz parte da rede de percursos da Rota Vicentina) passa por Porto Covo na etapa Porto Covo - Vila Nova de Mil Fontes.
"Esta é a etapa das praias, em que irá caminhar ao longo dos extensos areais das praias da Ilha do Pessegueiro, Aivados e Malhão e ainda descobrir pequenas enseadas desertas que o irão surpreender. É no entanto um percurso cansativo, dada a sua extensão e o piso sempre de areia."
Parece algo a experimentar futuramente!


O domingo chamou-nos para um pequeno-almoço nos croissants de Porto Covo e depois de uma manhã de preguiça, seguimos mais para Norte para S. Torpes, onde vimos o Sol despedir-se de um óptimo dia. 

Porto Covo
S. Torpes ao fim do dia
Comemos qualquer coisa num dos restaurantes junto à praia e foi tempo de seguir para Lisboa na companhia da Super Lua que tornava a noite mais clara.

O Verão deixa-nos leves e essa sensação permanece em nós para o início da semana. 
Tão bom!
Regresso a Lisboa
Fotos de Susana Gasalho ©Todos os Direitos Reservados. Tiradas com o telemóvel.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Pelos caminhos das Lagoas de Santo André e da Sancha

No Verão, e depois da minha operação, quisemos mudar de ares e apanhar um bocadinho de sol. Assim uma coisa tranquila! Então pegámos na tralha essencial para nos pormos a andar e podermos ficar a dormir em qualquer lado, e fizemo-nos à estrada sem destino.
Quando já era tarde e, como tínhamos o cão connosco e não nos apetecia dormir no carro apertados, resolvemos ver se o parque de campismo ali perto ainda nos aceitava.
Fomos parar ao tranquilo parque de campismo de Santo André, que nos aceitou a nós e ao cão! Fizemos a tenda às escuras e fomos dar uma volta de reconhecimento.
Campismo de Sto. André
Acabámos por ficar "sediados" ali nos dias todos que ficámos pela costa alentejana pois o sítio agradou-nos, o cão estava tranquilo (normalmente tem medo de pessoas) e a praia da Lagoa de Santo André era ideal para estarmos sossegados e para o cão ir à água e andar também ele tranquilo.

Sputnik na praia da Lagoa de Sto. André
Lagoa de Sto. André
Sketching @ Lagoa de Sto. André

Lagoa de Sto. André
Procurávamos ir sempre para junto da lagoa mas afastados das pessoas que se colocam logo à entrada da praia e o local revelou-se óptimo para descansarmos e comermos umas bolas de Berlim maravilhosas, servidas mesmo à beira-mar!
Senhora das bolas de Berlim
Na lagoa pode-se fazer kyte surf e nadar sem as ondas fortes que se sentiam no oceano, ali ao lado.
Lagoa de Sto. André

Para além disso, estar ali permitiu-nos poder fazer percursos de horas pela zona de Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha. 

Ao longo da lagoa é possível fazer um pequeno percurso e observar as aves migratórias que ali repousam. Por aquela altura do ano conseguimos ver imensos flamingos graciosos!

Esta é uma das mais importantes características atribuídas a esta Área Protegida, pois é um local de passagem de aves migradoras, sendo que a Lagoa da Sancha também é local de nidificação de diversas espécies.
Ao longo da Lagoa de Sto André abre-se um novo mundo!
Quando os dias estavam cinzentos, procurávamos percursos no guia "Percursos, Paisagens & Habitats de Portugal" do ICN, que nos costuma acompanhar,e quando tentávamos encontrar a Lagoa da Sancha fizemos outras paragens nas Areias Brancas (já a caminho de Sines) e descobrimos a Praia do Porto das Carretas. Onde há um percurso pedestre sinalizado para observação dos poços do Barbarroxa, alimentados por aquíferos subterrâneos. Todos eles estavam cobertos de vegetação palustre.

Por trás das árvores, um dos poços observados
Numa das placas no caminho podia ler-se: "A presença de uma série de poços (depressões húmidas intradunares) constitui uma prova da existência de antigos braços na Lagoa. Os braços da Lagoa, ao longo do tempo, vão sofrendo assoreamento, resultado de carreamentos sucessivos de detritos que se vão acumulando e vão ficando separados da Lagoa Central.
Estes poços, ricos em vegetação palustre, constituem um local de refúgio e nidificação para algumas das espécies que ocorrem a nível de lagoa."


Pelo percurso...
Ao longo da estrada para Sines, há alguns caminhos de terra por onde nos aventurámos e descobrimos outras praias, como a Praia da Fonte do Cortiço, com vigilância e bandeira azul e apenas 3 ou 4 auto-caravanas de pessoal estrangeiro. 
Eu e o Sputnik
Novo dia. À segunda tentativa conseguimos encontrar o escondido e de difícil acesso caminho de terra batida para a Lagoa da Sancha. Coberta de caniço e rodeada de vegetação palustre e de um verde que contrasta com a faixa de praia mesmo ao lado e que se perde no horizonte, é um local magnífico para se parar a contemplar por uns momentos. 
A paisagem é intocada e pode observar-se claramente a passagem da duna branca, para a duna cinzenta e depois para a duna verde. Uma verdadeira aula de geografia ao vivo! Pena as chaminés industriais ao fundo...

Marco geodésico - Lagoa da Sancha
Há muitos sítios em Portugal onde nos podemos sentir únicos.
Estamos a sós e por momentos podemos sentir que fomos os únicos a chegar ali. Neste caso, sentados no marco geodésico da Caracola e olhando a imensidão de costa de areia branca e praticamente intocada, lembro-me de tantos outros sítios onde estivemos e pudemos ouvir a natureza.
Quando entro numa paisagem sem vestígios de curiosos barulhentos e com poucas regras de convivência, civismo e higiene ambiental, uma paisagem protegida com pouca informação e de acesso complicado, sinto-me a observar um tesouro único. Melhor do que qualquer monumento, museu ou objecto valioso. Enche-me o coração e o espírito!


No dia do regresso a Lisboa ainda parámos na Lagoa de Melides para o pôr do sol. Pareceu-nos também um local bastante agradável, e também com parque de campismo. Talvez um pouco mais movimentado e com mais vida a nível de restaurantes e juventude que na lagoa de Santo André.

Lagoa de Melides



Fotos de Susana Gasalho ©Todos os Direitos Reservados. Tiradas com o telemóvel.


Para saber mais sobre esta zona de Reserva Natural: ICNF
Alguns percursos pedestres: aqui

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Apanha da azeitona e Trilho do Zêzere

Este fim de semana fomos até à Sertã, perto do centro geodésico de Portugal Continental, para ajudar a família na apanha da azeitona. O dia passa-se bem entre gargalhadas e conversas trocadas. Mesmo quem não fala muito vai-se entretendo a ouvir!




Entre o estender das mantas por baixo das oliveiras, o cortar dos ramos (para que ela volte a crescer com azeitonas boas daqui a 2 anos), o subir à árvore para retirar as azeitonas dos ramos mais altos e o ficar cá em baixo a escolher os ramos cortados, vão-se contando histórias, dizendo piadas e vai-se rindo. Quando uma oliveira está terminada, as azeitonas escolhidas recolhem-se da manta para sacos grandes e passa-se à próxima. Assim são os dias, apenas interrompidos pelo cair da noite, quando o frio começa a pesar e regressar a casa sabe bem.

O tempo esteve bom, os dias bonitos e o Sol aquecia-nos nas horas em que ia alto. Foi bom regressar, uma vez mais, aos campos de um verde vivo e respirar aqueles ares bons e frescos. Às vezes fechava os olhos e revia cheiros que me reportavam à infância, onde corria e explorava com os meus primos todo o santo dia. Mais horas houvessem!






No domingo "tirámos folga" e aproveitámos para ir a Pedrogão Pequeno fazer um percurso pedestre que tínhamos pesquisado antecipadamente na internet. Estava tudo bem sinalizado e a informação na internet também era muito boa, com folhetos e coordenadas GPS. Lá fomos nós fazer o Trilho do Zêzere e descobrir pontes filipinas datadas do século XVII e caminhos romanos esquecidos à sombra de novas e modernas pontes e da barragem do Cabril, que espreitava ao fundo do vale.

O percurso seguiu inicialmente sempre junto ao rio com as suas escarpas graníticas altas e foi bastante agradável. Estava uma luz fantástica e, quando a geomorfologia o permite, num local chamado Moinho das Freiras, o trilho passa mesmo à beira do bonito Zêzere, com árvores que quase o fingem tocar, senti-me num conto de fadas rodeada de árvores baixas que deixavam entrar a luz do Sol e o rio que brilhava refletindo essa mesma luz. 




Depois disso, o percurso afasta-se do rio e segue para o interior, aumentando sempre em altitude e passando por pinhais e pela pequena aldeia de Painho, onde também se fazia a apanha da azeitona. Termina no sítio onde iniciou, o que é bastante conveniente!



Para informações e mais detalhes sobre o percurso pedestre: Trilho do Zêzere

Mais fotos do percurso aqui

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Avis e Ponte de Sôr

Ponte de Sôr
Zé sketching in Ponte de Sôr

Zona Ribeirinha / Ponte de Sor waterfront
Avis' walls
Avis
Avis
Avis
Avis
Sketching in Avis
Avis
Avis
Chaminé / Avis chimney
Avis detail
Avis
Avis
Três dias que passaram a correr, como sempre, quando se espera o contrário!
A paz que se sente em Avis é daquelas que nunca queremos deixar de sentir...
Estacionamos o carro junto à igreja e um pequeno cãozinho caminha atabalhoadamente enquanto a dona, babada com a sua aquisição, ri para nós e fala-lhe alto.
Não se passa mais nada no largo da igreja. Para além disso, umas vizinhas conversam nos bancos de jardim do largo que está bem adornado com bonitas laranjeiras. "Pode levar! Isso aí é de todos!" - diz-me um senhor de boina que passa e me vê a olhar para as laranjas.
Vila pequena, construída estrategicamente no cimo do monte, pertencente ao distrito de Portalegre. Cá em baixo, o complexo das Águas do Maranhão e o progresso que se vê nas habitações e indústrias que crescem à volta não combinam com o pequeno centro histórico onde há paz: poucos carros, poucas pessoas, pouco movimento.
O contrário de Ponte de Sôr, distrito de Portalegre, onde estivemos antes de chegarmos a Avis. Demos uma volta pelo centro e zona ribeirinha, de onde se vê a ponte oitocentista sobre a ribeira do Sôr, que dá nome à cidade. 
A zona ribeirinha, foi recentemente reabilitada, para dar uma cara nova a Ponte de Sôr. Passeia-se tranquilamente junto à ribeira. De um lado a água, do outro relva e bancos onde alguns habitantes mais idosos descansam com o seu cãozinho. Os mais jovens vão para a esplanada do café ali ao lado. 
Chegados quase ao fim do passeio encontramos uma zona para exercícios e uma pequena ponte moderna onde um casal namora mais escondido dos olhares.
Dirigimo-nos para o centro da cidade onde encontramos a azáfama de pessoas que passam, cafés, esplanadas, carros, lojas e um pequeno cinema.
O dia está quente, aproveitamos para lanchar numa croissanteria e seguir caminho.

Avis é um local pitoresco e cheio de história. Foi sede de uma das mais importantes ordens militares, a Ordem de Avis, e também deu nome a uma das dinastias portuguesas.
Casas baixas, muita luz por serem caiadas de branco com a típica pintura alentejana em azul ou amarelo e rodeadas pelas muralhas da vila. Hoje ela já cresceu além disso e ganha infraestruturas novas.
Mas junto à igreja, lá bem no coração da vila, os senhores continuam sentados nas cadeiras do café. Cá fora à sombra, para verem quem passa. Todos os dias ali estão a cumprimentarem os vizinhos e a ouvirem a música que vem dos ensaios da banda, na porta ao lado. 
As crianças brincam no largo sem grades ou restrições e ao fim do dia, duas meninas escorregam divertidas por um muro inclinado junto ao novo jardim/miradouro onde poucos idosos se vêm sentar pelo fresco de um Sol que já vai baixo.

Avis, tal como tantas outras vilas portuguesas, é um local com muito para dar e tanto para descobrir. Cheio de história, bons restaurantes com gastronomia típica e prédios devolutos que nos contam projectos que estão a ganhar forma. 
Haja mais vida e vontade em locais destes, que nos fazem tão bem!

No regresso a Lisboa ainda houve tempo para pararmos no Fluviário de Mora e para um pequeno passeio em Mora. De Avis a Mora passámos por estradas secundárias de terra batida que não estão indicadas no mapa e onde observámos abelharucos, cegonhas, rapinas e gado a pastar por entre campos de oliveiras, cultivo e prados verdes.
Voltámos para Lisboa num ritmo bem lento... para o choque não ser grande :)

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Three days that passed running, as always, when we expect the opposite!
We never want to stop feeling the peace that is felt in Avis...
We parked the car next to the church and a small dog walks awkwardly while the owner, thrilled with her acquisition, laughed at us and spoke loudly to the dog.
It didin't pass anything else in the church square. Only, some neighbors were talking seated in the benches of the square, that is well adorned with beautiful orange trees. "You can take it! Is from everyone!" - Tells me a man with a beret who passes by and sees me looking at the oranges.
Small village, built strategically on top of the hill, belonging to the Portalegre district. Down there, the complex of Maranhão Waters and the progress seen by the construction and industries that grow around do not match with the small historical center where there is peace: few cars, few people, few movement.
The opposite of Ponte de Sôr, Portalegre district, where we went before we get to Avis. We strolled through the center and waterfront, where you can see the nineteenth-century bridge on the Ribeira de Sôr, which gives its name to the city.
The waterfront has been recently rehabilitated, to give a new look to Ponte de Sor. We can walk quietly along the riverside. On one side the water, on the other grass and benches where some older inhabitants rest with their small dogs. Most young people go to the terrace cafe nearby.
Almost at the end of the ride we find an area for exercises and a small modern bridge where a couple has been dating more hidden from other looks.
Heading into the city center where we find the hustle and bustle of people passing, cafes, terraces, cars, shops and a small cinema.
The day is hot, so we take the opportunity to snack on a croissanteria and keep going our way after that.

Avis is a picturesque place and full of history. It hosted one of the most important military orders, the Order of Avis, and gave name to one of the Portuguese dynasties.
Low houses, lots of light because they're whitewashed with typical Alentejo paintings in blue or yellow and surrounded by the village walls. Nowadays it has grown beyond that and is gaining new infrastructures.
But next to the church, there, in the heart of the village, men still sitting in the cafe chairs, in the shade, to see who passes. Every day they are there greeting the neighbors and hearing the music coming from the band rehearsals, next door.
Children play in the square without bars or restrictions and in the evening, two girls slip by a sloping wall next to the new garden / viewpoint where some older people come to sit in the fresh from a sun that goes already low.

Avis, like so many other Portuguese towns, is a place with a lot to give and so much to discover. Full of history, good restaurants with local cuisine and vacant buildings that rely on projects that are taking shape.
We hope that there will be more life and will in places like this one, that make us so well!

On our return to Lisbon there was still time to stop and visit the Fluviarium of Mora and for a short walk in Mora. From Avis to Mora we passed on secondary and dirty roads that are not indicated on the map and where we observed bee-eaters, storks, birds of prey and cattle grazing through olive groves, farmings and green meadows.

We returned to Lisbon in a very slow pace ... for a not so big shock! :)

Para saber mais // To know more:
Freguesia de Avis