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terça-feira, 7 de outubro de 2014

ULAN-UDE – ULAN-BATOR – 657 KM (from 31.05 13:45 (local time) to 01.06 06:40 (local time)

Transmongolian: on our way to Mongolia
Waiting at the Russian-Mongolian border
Waiting...At some point they didn't let us go out of the train
Transmongolian: on our way to Mongolia
Friendship can grow fast during the trip. Lucie and Gary, good friends!

Desta vez apanhámos um comboio chinês que faz a viagem directamente de Moscovo até Pequim.
Deixamos Ulan-Ude e tanto por explorar nas redondezas do Baikal.
Mas como em todo o lado, nunca será possível ver tudo!
Este comboio, em tudo igual aos outros em que andámos, tem controladores apenas masculinos e as casas de banho são menos asseadas e não têm papel. As camas são menos confortáveis e os lençóis não vêm fechados em plásticos. Parece que alguém já os pode ter usado antes. Na altura não o percebi, mas agora que escrevo com algum tempo de atraso, vejo que o nosso primeiro comboio chinês era um prenúncio das mudanças a encontrar ao entrarmos na China.
Na nossa cabine viaja um húngaro, o Gary, como se apresentou, embora o seu nome seja Görgö. Ele, a francesa da cabine ao lado, Lucie e um chinês que está noutra cabine da mesma carruagem (que diz para o chamarmos de Sunshine pois é o que o seu nome significa simplificadamente) já vêm directamente de Moscovo sem parar, o que significa que já estao há uns dias no comboio.
O Gary tem pouco tempo e por isso diz que gostaria de fazer a viagem novamente com mais tempo. Esta viagem de comboio não é longa, mas torna-se demorada devido à longa espera de 2h na fronteira da Rússia para fiscalizarem tudo, e mais 2h na fronteira da Mongólia. Fiscalizam tudo de novo. Vêem debaixo das camas, cães a passarem no corredor, preencher formulários... no entanto, é importante destacar que, ao contrário do que sempre ouvi falar, o comboio é seguro, os russos são muito simpáticos e sempre pudemos deixar tudo nas carruagens e ir passear sem nos preocuparmos em deixar tudo preso com cadeados ou amarrado.
Esta viagem foi feita de conversas. Com o Gary discutimos a situação económica na Hungria, o nazismo na Europa, o porquê desta viagem e a procura de um caminho e sentido para cada uma das nossas vidas. Esta busca constante e ao mesmo tempo, fuga a uma vida pré-concebida pela sociedade, que dita o que é mais e menos certo nos curtos e milagrosos espaços de tempo a que chamamos vida, e que deveriam ser sentidos da maneira que cada um quer. Não há fórmulas certas porque, do fim, é o que todos mais sabemos e temos certo.
O Gary trabalha em hotelaria na Suiça, mas planeia voltar ao seu país, comprar apartamentos e alugá-los. Não quer uma vida presa e trabalhar para outros para sempre, diz ele. Vai fazer 30 anos durante esta viagem e veio fazê-la precisamente para pensar na vida.
No comboio conheceu a Lucie, que vai estar 3 meses na Mongólia a trabalhar numa agência de viagens porque estudou turismo sustentável. Depois disso planeia ensinar francês na Galiza para treinar o espanhol e depois vai querer aprender português.
Às tantas o “Sunshine” juntou-se a nós e estávamos os 5 a rir e a conversar na cabine. Foi uma excelente viagem porque estes momentos de convívio são o que mais deixam recordações e criam empatias com os outros. Às vezes fazem-se amigos para a vida e conhecem-se outros estilos de vida e ideais.
A paisagem manteve-se verde e plana com alguns rios e montes ao fundo.
Chegámos bastante cedo a Ulan-Bator, ainda dormia em pé e já estávamos a ser abafados por uma multidão de mongóis à saída do comboio. Tentavam angariar pessoas para táxis, hotéis ou esperavam alguém com cartazes.
Demasiado cedo para acompanhar tanta actividade... Lá encontrámos a pessoa que nos esperava para nos levar ao hostel e descansar um bocado.

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This time we took a Chinese train that makes the trip directly from Moscow to Beijing.
We left Ulan-Ude and so much left to explore around Baikal.
But like everywhere, you can never see everything!
This train, identical to the others we've been taking, has only male controlers and bathrooms are less neat and have no toilet paper. The beds are less comfortable and the sheets did not come sealed in plastic. Looks like someone already may have used it before. Not realized at the time, but now that I write with some time in delay, I see that our first Chinese train was a presage of the changes to find when entering China.
In our cabin travels a Hungarian, Gary, as he presented himself, although his name is Görgö. He, the French in the next cabin, Lucie and a Chinese that travels in the same car in another cabin (he says to us to call him “Sunshine”, because that's what his name means in a  simplified way) have come directly from Moscow without stopping, which means that they are in the train for a few days now.
Gary has little time and so he says he would like to make the trip again with more time. This train journey is not long, but it is time consuming due to the long wait of 2 hours at the Russian border to oversee everything and more 2h on the Mongolian border. Oversee all over again. Tehy check under the beds, dogs passing in the hallway, filling out forms ... however, it is important to note that, contrary to what I heard, the train is safe, the Russians are very friendly and we always leave everything in the carriages and go sightseeing without worrying about leaving it stuck with padlocks or tied.
This trip was made ​​of conversations. With Gary discussed the economic situation in Hungary, Nazism in Europe, the why for this trip and the search for a path and direction for each of our lives. This constant search and at the same time, escape to a life preconceived by society that dictates what is more and less certain in the short and miraculous space of time we call life, and that should be felt in the way that each one wants. There are no right formulas because, the end is what everyone knows and have for certain.
Gary works in hospitality in Switzerland, but plans to return to his country, buy apartments and rent them. He doesn’t want a stuck life and work for others forever, he says. He will turn 30 during this trip and travels precisely to make himself think about life.
On the train he met Lucie, who will be 3 months in Mongolia to work in a travel agency because she studied sustainable tourism. After that, she plans to teach French in Galicia to practice spanish and then will want to learn portuguese.
At some point "Sunshine" joined us and the we laughed and talked in the cabin. It was a great trip because these moments are what leave more memories and create empathy with others. Sometimes can make friends for life and get to know other lifestyles and ideals.
The landscape remained green and flat with some rivers and hills in the background.
We arrived early enough to Ulan-Bator, still sleepy and we were being drowned out by a crowd of Mongols outside the train. Tried to raise people for taxis, hotels or someone waiting with signs.

Too early to keep up with such activity ... Eventualy we found the person who was waiting for us to take us to the hostel and rest a bit.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Travel Playlist





Ouço esta música normalmente em viagens longas nos autocarros ou comboios enquanto observo a paisagem que passa e muda. 

Faz-me sentir em casa e ao mesmo tempo, a voar! 

Tem uma letra maravilhosa! Gosto tanto 

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

ULAN-UDE (Last Russian stop)

Ivolginsky temple
Rinponche Bagsha datsan
Wooden house
Detail of a wooden house
Ivolginsky Datsan
Wooden house
ULAN-UDE
Ulan-Ude (GMT+8). Vimos o Sol nascer e chegámos. Deixámos as coisas no hostel e procurámos o que ver na cidade, observámos o mapa e recolhemos a informação sobre que transportes apanhar para visitar o que queremos.
Para além de querermos ver a cidade, o nosso propósito era visitar um templo budista que está localizado a 2h da cidade. São precisos apanhar 2 mini-carrinhas e foi bastante fácil encontrá-las. Um dos mini-bus custou-nos 40 rublos (+/- 0,80 €) e o outro 20 rublos (+/- 0,40€) por pessoa e só ida. Para pagar só temos de entregar o dinheiro às pessoas à nossa frente e vai sendo passado até chegar ao motorista. O carro só parte quando cheio.
O templo, localizado a 23 Km de Ulan-Ude, chama-se Ivolginsky datsan. Fica perto da aldeia de Verkhnyaya Ivolga na região da Buryatia, na Rússia. Sente-se uma grande paz e sossego no espaço que é composto por vários pequenos templos. Senti-me um pouco como no filme “7 anos no Tibete” pois os monges são naturalmente sorridentes e simpáticos. Divertem-se com pequenas coisas. Vi um bastante jovem (uns 17 anos) a brincar com um cão e gato. Quando o gato correu arreliado atrás do cão, o monge riu-se imenso divertido, o que me fez rir também.
Na história deste datsan consta que em 1927 o 12º Pandito Hambo Lama, Dashi-Dorzho Itigelov pediu aos seus estudantes e monges companheiros que enterrassem o seu corpo depois da sua morte e que só o voltassem a verificar após 30 anos. Segundo a história, Itigelov sentou-se então na posição de lótus, começou a cantar a “oração da morte” e morreu a meio da meditação. Os monges seguiram todas as suas indicações mas quando exumaram o seu corpo passados 30 anos, ficaram espantados por descobrir que não tinha sinais de decomposição. Pelo contrário, parecia que Itigilov tinha morrido apenas a algumas horas atrás. Com medo da resposta Soviética ao sucedido, os monges enterraram novamente o corpo numa campa anónima.
A história de Itigelov foi esquecida até dia 11 de Setembro de 2002, quando o corpo foi finalmente exumado e transferido para o Ivolginsky datsan onde foi examinado por monges, cientistas e patologistas. A declaração oficial diz que o corpo está muito bem preservado, sem sinais de decomposição, ainda com os tecidos dos músculos e pele. O corpo nunca foi embalsamado ou mumificado. Impressionante!
Já de volta a Ulan-Ude, capital da República de Buryatia, região localizada na parte sul da Sibéria e que é parte da Rússia desde 1920. (By the way, na Sibéria é normal conduzir-se com o volante de ambos os lados embora as estradas estejam preparadas para a condução com o volante à esquerda). Visitámos o Rinponche Bagsha datsan, localizado num ponto panorâmico onde se pode ter uma bela vista para a cidade. É um famoso centro budista rodeado de natureza e com a maior estátua do Buda da Rússia. Mede 5 metros e é feita de madeira do Brasil. É fácil e barato de chegar lá com o mini-bus nº 97 que parte da praça principal.
É um local muito pacífico com boa energia. Uma senhora que lá trabalha chamou-nos para visitarmos um dos templos e tentou explicar-nos (em chinês) os diferentes Budas presentes. Dedicou algum tempo a mostrar-nos o espaço e a fazer-nos sentir a energia das estátuas e depois a energia do Sol. Foi um bom momento!
Ao final do dia tivemos a nossa primeira experiência com uma russa mal disposta. Talvez tenha sido um mal entendido porque nunca chegámos a perceber qual era o problema, mas falou-nos de uma forma zangada enquanto o seu companheiro encolhia os ombros e olhava para nós. Regra geral, fomos sempre bem tratados pelos russos. Alguns abordavam-nos na rua e cumprimentavam-nos simpaticamente.
No hostel (que fica localizado no centro, junto à enorme e famosa cabeça gigante do Lenine) conhecemos outro casal francês que faz o percurso na direcção oposta. Começaram em Myanmar e saltaram alguns países pois o dinheiro já apertava mas foram, por exemplo, à Coreia do Norte onde gastaram 950€ em 5 dias com uma tour organizada pois não há outra maneira de lá ir. Perdemos algum tempo a falar sobre as suas impressões do país, do quão organizado e artificialmente preparado para turistas está.

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Ulan-Ude (GMT +8). We saw the sun rise and arrived. We left our stuff in the hostel and searched what to see in town, we observed the map and collect information about which transports can take us where we want to visit.
In addition to wanting to see the city, our purpose was to visit a Buddhist temple, which is located 2 hours from the city. It takes 2 mini-vans and it was quite easy to find them. One of the mini-buses cost us 40 rubles (+ / - 0,80 €) and another 20 rubles (+ / - 0,40 €) per person one-way. To pay we just have to give the money to the people ahead of us and will be passed to reach the driver. The car only leaves when full.
The temple, located 23 Km from Ulan-Ude, called Ivolginsky datsan. It is near the village of Verkhnyaya Ivolga the region of Buryatia, Russia. Feels great peace and quiet in this place that consists of several small temples. I felt a bit like the movie "7 years in Tibet" because the monks are naturally smiling and friendly. Amuse themselves with little things. I saw a very young (about 17 years) playing with a dog and a cat. When teased the cat ran after the dog, the monk laughed amused, which made me laugh too.
In the history of this datsan states that in 1927 the 12th Pandito Hambo Lama Dashi-Dorzho Itigelov asked his students and fellow monks to bury his body after his death and that return to check after 30 years. According to history, Itigelov then sat in the lotus position, started to sing the "Prayer of Death" and died in the middle of meditation. The monks followed his wishes and when his body was exhumed 30 years later, they were astonished to discover that he had no signs of decomposition. Rather, it seemed that Itigilov had died just a few hours ago. Afraid of the Soviet response to the succeeded, the monks buried the body in an unmarked grave again.
The story of Itigelov was forgotten until 11 September 2002 when the body was finally exhumed and transferred to the Ivolginsky datsan where it was examined by monks, scientists and pathologists. The official statement says that the body is very well preserved, with no signs of decomposition, even with the tissues of muscles and skin. The body was never embalmed or mummified. Impressive!
Now back to Ulan-Ude, capital of the Republic of Buryatia, a region located in southern Siberia and that is part of Russia since 1920. (By the way, in Siberia is normal to drive with the steering wheel on both sides though roads are prepared for driving with the steering wheel on the left). Visited the Rinponche Bagsha datsan, located in a scenic spot where you can have a beautiful view of the city. It is a famous Buddhist center surrounded by nature and with the largest Buddha statue in Russia. Measures 5 meters and is made of wood from Brazil. It's easy and cheap to get there with the mini-bus # 97 that departs from the main square.
It is a very peaceful place with good energy. A lady who works there called us to visit one of the temples and tried to explain to us (in Chinese) the different Buddha images there. Took some time to show us the space and making us feel the energy of the statues and then the energy of the sun. It was a good moment!
At the end of the day we had our first experience with an angry Russian. Maybe it was a misunderstanding because we never realized what the problem was, but she spoke to us in an angry manner while his companion shrugged and looked at us. Generally, we were always treated well by the Russians. Some approached us on the street and greeted us kindly.
In the hostel (which is located downtown, next to the huge and famous giant head of Lenin) met another French couple who make the journey in the opposite direction. They started in Myanmar and then skipped some countries because the money was already tight and went to North Korea where they spent € 950 in 5 days with an organized tour because there is no other way to go there. We spent some time talking about their impressions of the country, of how artificially organized and prepared for tourists it is.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

IRKUTSK - ULAN-UDE 456 KM (from 29.05 - 22:10 (local time) to 30.05 - 06:39 (local time)

Little girl in Irkutsk square 
Near the river - Irkutsk
Lovers selfie - Irkutsk
Late night in the trans-mongolian 
Arriving to Ulan-Ude
Irkutsk square
Depois de novas 7h de volta a Irkutsk e um bom banho quente no hostel, fomos buscar o nosso passaporte já com o visto para a Mongólia e o Zé conseguiu finalmente comprar o carregador para o portátil (não foi fácil encontrar o sítio).
O comboio vai junto ao Baikal, dizem ser uma linda viagem durante o dia, mas nós estamos a viajar de noite. Será uma curta viagem neste comboio vazio, pois começou em Irkutsk.
Na nossa cabine só temos a companhia de um holandês de 54 anos.
Chegou depois de nós, educado e despachado, cumprimentou-nos e fez-se apresentar. Depressa comecámos a conversar. Viaja sozinho durante 2 semanas porque sempre quis fazer Moscovo-Pequim. Tem um ar jovem e uma t-shirt das “Aventuras do Tintim” que me fez sorrir.
Perguntou se podíamos tirar o ferro a meio das janelas que segura as cortinas. Anuímos espantados pois não sabíamos que dava para o fazer. Com a vista mais ampla, aponta para a janela e diz-nos: “Assim vê-se melhor. É para isto que elas cá estão!”
Contou-nos dos seus planos para as 2 semanas e que há sempre coisas que gostava de ver por mais tempo, ao que eu disse: “O Mundo é enorme e nunca se consegue ver tudo o que queremos”. Resposta: “Sim! E se pensares é esse o segredo da vida!”, disse com entusiasmo e continuou a arrumar as coisas. Pouco depois: “É por isso que não é aborrecida. Se conseguisses ver tudo não tinha tanta piada.”
Comprou 1 velho Land Rover que renovou e quer viajar com ele até à Mongólia, mas este verão vai viajar com o filho até Marrocos, numa espécie de test-drive.
Tem um projecto também: uma vez que viaja muito em trabalho, a filha colocou-lhe uma pequena vaca de peluche na mala com uma nota: “para que ele nunca esteja sozinho”. E agora ele tenta fotografar a “little cow” em diversos países, locais e com diferentes pessoas. Estivemos a ver as fotos e o projecto está mesmo muito engraçado pois quando ele conta a história toda a gente quer participar nele. Tem fotos com soldados, grupos de russos, crianças. Todas as fotos têm histórias interessantes por trás!
Fez-me realmente ver que só viajo há 3 semanas e tenho muito para ver e aprender.

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After 7 new hours we are back to Irkutsk and to a nice hot shower in the hostel, we got our passport with the mongolian visa and Zé finally managed to buy the charger for his laptop (it was not easy to find the place).
The train goes along the Baikal, it is said to be a beautiful trip during the day, but we are traveling at night. It will be a short trip in this empty train because it started in Irkutsk.
In our cabin we only have the company of a 54 years Dutch.
He arrived after us, polite and expeditious, greeted us and introduce himself. Quickly we started talking. Traveling alone for 2 weeks because always wanted to travel from Moscow to Beijing. Youthful and with a t-shirt "Adventures of Tintin" which made me smile.
Asked if he could get the curtains’ iron out. We nodded amazed because we did not know that it was possible to take it. With the widest view, pointing to the window he tells us: "This way you see better. That's why it’s here!"

He told us about his plans for the 2 weeks and that there are always things he'd like to see longer, to which I said: "The world is huge and never get to see everything we want." Answer: "Yes! And if you think about it, that is the secret of life!" Said enthusiastically and continued packing. Shortly afterward: "That's why it's not boring. If you could see it all it wouldn’t be so fun."
He bought an old Land Rover which he renewed and wants to travel in it to Mongolia, but this summer he will travel to Morocco with hir son, a kind of test-drive.
He also has a project: He travels much for work, his daughter put a small cow teddy inside teh suitcase with a note: "for you to never be alone." And now he tries to shoot the "little cow" in various countries, places and with different people. We've seen the photos and the project is really funny because when he tells the story everyone wants to participate. He has photos with soldiers, groups of Russians, children. All photos have interesting stories behind!
It made me really realize that I’m only traveling for 3 weeks and have so much to see and learn.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Khuzir

Khuzir

Prayers site, Shaman rock

Khuzir road

Shaman ritual
Paths go apart

























High view point, Khuzir

Khuzir (GMT+8).

Há sempre dias de melhor ou pior humor, e quando se viaja não é excepção. Seja porque há dias que as coisas não nos correm bem, ou porque não gostamos particularmente de um sítio ou das pessoas que nos rodeiam naquele momento. Há sempre dias em que não apetece ver ninguém ou não apetece falar com ninguém.
Uma das coisas boas enquanto se viaja e se tem de conviver e partilhar espaços com outras pessoas é aprendermos a ser realmente donos do nosso espaço. Podemos sentar-nos numa cama a ler e não falar e ninguém nos irá julgar por isso. E se o fizer, também não nos interessará muito pois amanhã já não estaremos no mesmo sítio. É bom aprendermos a ouvir-nos e a dizer que não.
A música é e sempre será uma grande ajuda nesses momentos. Consegue levantar-me o ânimo e fazer-me deixar de sentir o coração pesado. Afinal, mesmo que nem sempre me apeteça falar com alguém, tenho o privilégio de estar bem e num sítio que escolhi para estar.
Hoje é o nosso último dia na ilha. Fomos fazer mais uma caminhada, desta vez até a um ponto alto para podermos ter uma melhor vista de toda a ilha. O Léo e a Julie acompanharam-nos pois eles iam prosseguir o caminho atravessando a ilha, até à outra costa. Planearam passar uma ou duas noites na tenda, dormindo por onde lhes apetecesse, e depois voltar a Khuzir.
No dia anterior tínhamos ido todos para uma das praias e mergulhámo-nos nas águas geladas do lago na esperança que o dito popular esteja certo e que ganhemos mais uns anos de vida!
Chegado foi o momento em que literalmente os nossos caminhos se separavam: eles continuavam em frente e nós viraríamos à direita para o monte. Despedimo-nos dos nossos companheiros dos últimos dias desejando-lhes o melhor que a vida lhes tem para oferecer e vimo-los desaparecer atrás das colinas verdes de Olkhon.
Nós ficámos a contemplar a vista sobre a ilha, de um lado o lago, do outro uma densa floresta de pinheiros, e ao longe a cidade principal. O tempo incerto fez-se notar hoje novamente. Fez calor, depois veio um vento terrivelmente frio que trouxe alguns chuviscos que depressa passaram para o céu voltar a abrir e o sol aquecer-nos.
Os pássaros e insectos passavam à nossa volta nas suas atarefadas vidas e era só isso que se ouvia: os cantares suaves, zumbidos breves e o vento. Uma vez por outra, sentia-se um carro que passava ao fundo, na estrada que vem de sul.
No regresso à cidade fomos até à Rocha do Xamã para ver se víamos as marmotas e deparámo-nos com um ritual xamã que ficámos a observar. Todos estavam em grupo junto ao local de oração (uns paus em fila e ao alto com fitas atadas à volta e pedras grandes alinhadas em frente destes) e comiam animadamente e partilhavam comida. Depois (e sem percebermos a ordem) deitavam leite e vodka para uma fogueira, punham uma moeda em cima de uma das pedras e seguidamente alguma comida e mais leite e vodka. Também pronunciavam palavras enquanto o faziam, e depois atavam fitas à volta dos paus.
Ficámos ali tanto tempo a observar que nos vieram oferecer comida também. Sem sabermos bem o que fazer, acabámos por deixar a nossa parte de oferenda numa pedra e prosseguimos caminho.
Coincidência ou não, o céu cinzento abriu-se e o sol surgiu enquanto eles ali estiveram...

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There are always days with a better or worse mood, and when traveling is no exception. Either because there are days when things are not going well or because we do not necessarily like a place, or the people around us at that moment. There are always days when you do not feel like seeing anyone or do not feel like talking to anyone.
One of the good things while traveling and have to socialize and share the spaces with others is learning to truly own our space. We can sit in the bed reading and not talk and no one will judge you for it. And if someone does, it does not matter much because tomorrow we are no longer in the same place. It's good to learn to listen to us and say no.
Music is and always will be a great help on these times. Gets me with better mood and makes me stop feeling such a heavy heart. After all, even if not always feel like talking to someone, I have the privilege of being well and on the place I have chosen to be.
Today is our last day on the island. We did one more walk, this time to a high point in order to have a better view of the whole island. Leo and Julie accompanied us they were going to continue the way across the island to the opposite shore. They planned to spend one or two nights in the tent, sleeping where they sprang, and then return to Khuzir.
The day before we had gone all to one of the beaches and dive in the icy waters of the lake with the hope that the saying is right and we win a few more years of life!
The moment our paths diverged, literally, arrived: they continued forward and we turned right to the hill. We said goodbye to our fellows from the last days wishing them the best that life has to offer them and saw them disappear behind the hills of Olkhon.
We fell to admire the view of the island, on one side the lake, on the other a dense pine forest, and the main town far down. The uncertain weather became noted again today. It was hot, then came a bitter cold wind that brought drizzle that quickly went back to open sky and the sun warm us.
The birds and insects passed around us in their busy lives and that was all that was heard: the soft singing, brief tinnitus and the wind. Once in a while, we heard a passing car in the background, on the road from the south.
Returning to town we went to the Shaman Rock to look for marmots and we faced a shaman ritual and stopped there watching. Everyone gathered in the place of prayer (a few wooden bars in a row tied around with silk cloths and great stones lined up in front of these) and ate happily and shared food. After (and without realizing the order) lay milk and vodka to a fire, they put a coin on top of one of the stones and then some food and more milk and vodka. Also pronouncing words as they did this, and then they tied ribbons around the poles.
We stayed there so long watching that some of them came to offer us food too. Without knowing what to do, we ended up leaving our part of offering on a stone and proceed.
Coincidence or not, the gray skies opened up and the sun came up while they were there...


domingo, 13 de julho de 2014

Olkhon Island, 24-28.05.2014

Lake Baikal from Olkhon in the evening
Shaman rock and a prayer's point
Lake Baikal 
Digging a hole for our couchsurfing host
Our home for a few days

Beach on the island
View to lake Baikal
Lake Baikal from Olkhon island
Pine trees 
Shaman rock
Olkhon é a maior das ilhas do lago Baikal com 71,5 Km de comprimento e 20,8 Km de largura. Os mongóis crêem que, segundo antigas lendas, ela é o centro do universo.
É grande o suficiente para ter os seus próprios lagos e é composta por suaves colinas (o ponto mais alto, Monte Zhima, tem 818m acima do nível das águas do lago), estepes e uma densa floresta na parte Nordeste da ilha.
Tem algumas longas praias de areia, mas noutros locais a terra acaba abruptamente no lago, o que lhe confere uma atmosfera selvagem e intacta, com belas paisagens sobre as águas límpidas.
O lago Baikal, localizado no sul da Siberia, tem 25 milhões de anos e é o maior lago de água doce do mundo. Contém aproximadamente 22% de todas as reservas de água doce (não gelada) do mundo e é o mais profundo lago do planeta (1640m). Está também entre os lagos com as águas mais límpidas, tendo uma flora e fauna muito ricas: mais de 3500 espécies das quais ¾ são endémicas. Foi declarado Património do Mundo pela UNESCO em 1996.
Está completamente rodeado por montanhas e alberga também os Buryat, uma tribo que reside no lado leste do lago de origem mongol (provavelmente descendetes do Genghis Khan).
No Inverno o lago gela e é possível caminhar sobre ele e fazerem-se desportos da estação assim como alugar trenós puxados por cães.
Nós ficámos 4 dias na ilha, em casa de um russo que, gentilmente, oferece um espaço para dormir e cozinhar em troca de alguns trabalhos, no nosso caso, ele precisava de gente para cavar um buraco para uma nova “casa-de-banho”.
No mesmo espaço estiveram connosco o Léo e a Julie, outro casal francês e um casal alemão que viaja pelo mundo. A cidade principal da ilha, Khuzir, tem 2 pequenos mercados com produtos obviamente caros por serem escassos e alguns hotéis. As estradas não são pavimentadas, só o hotel principal tem canalizações, de resto a água utilizada pelos locais é recolhida no lago, e as vacas deambulam livremente na sua busca por alimento.
Há alguns locais que organizam tours e actividades mas é dificil perceber o horário de funcionamento das coisas, e o hotel principal (Nikita’s) parece ter o monopólio das actividades da ilha.

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Olkhon is the largest island of Baikal Lake with 71.5 km long and 20.8 km wide. Mongolians believe that, according to ancient legends, it is the center of the universe.
It's big enough to have its own lakes and consists of rolling hills (the highest point, Mount Zhima, is 818m above the lake’s water level), and a dense forest steppe in the Northeastern part of the island.
It has some long sandy beaches, but at some places the land ends abruptly at the lake, giving it a wild and unspoilt atmosphere, with wonderful views over the clear waters.
The Baikal Lake, located in southern Siberia, is 25 million years old and is the largest freshwater lake in the world. Contains approximately 22% of all freshwater bodies (not icy) in the world and is the deepest lake in the world (1640m). It is also among the lakes with most clear water, having a very rich flora and fauna: over 3500 species of which ¾ are endemic. It was declared UNESCO  World Heritage in 1996.
Is completely surrounded by mountains and also houses the Buryat, a tribe that lives on the east side of the lake, of Mongolian origin (probably descendetes of Genghis Khan).
In winter the lake freezes and you can walk on it and make season sports as well as rent dogsleds.
We stayed for four days on the island, in the home of a Russian who kindly offers a space to sleep and cook in exchange for some work. In our case he needed people to dig a hole for a new "toilet".
In the same space were with us, Leo and Julie, another French couple and a German couple who travel the world. The island's main town, Khuzir, has 2 small markets with obviously expensive products because they are scarce and some hotels. The roads are not paved, only the main hotel has plumbing, moreover the water used is by the locals is collected from the lake, and cows roam freely in their search for food.
There are some places that organize tours and activities but it is hard to understand the working hours of things, and the main hotel (Nikita's) seems to have a monopoly on island activities.


Irkutsk and application for the Mongolian Visa

teenage girl dressed for her graduation day

Typical Siberian wooden house

The minibus to Olkhon Island

Street view where the minibuses stopped to get passengers


Irkutsk (GMT +8). Chegámos às 9h38 (hora local). Nós e o Paul descemos do comboio e procurámos na plataforma o Léo e a Julie. Quando nos encontrámos lá seguimos os 5.
Novamente por coincidência, nós e o Paul tínhamos reservado o mesmo hostel, e como o Léo e a Julie não tinham reservado nada, encaminhámo-nos todos para lá a fim de ver se haveriam mais duas camas disponíveis.
Acabámos, portanto, por ficar todos juntos no mesmo dormitório!
O que dizer de Irkutsk? Penso que a parte mais interessante da cidade não é o seu centro, bem arranjado e organizado com jardins bonitos, mas as velhas casas de madeira trabalhada com recortes junto ao telhado que as faz parecer terem sido feitas em croché. Algumas das casas estão inclinadas, como que a madeira tenha dado de si, mas são habitadas.
Também nos foi recomendado no hostel um pequeno restaurante onde poderíamos comer pozi, um prato bastante tipico da Sibéria. Nesse local foi realmente barato e pudémos observar os russos a comerem-nos à mão (como deve de ser) e a beberem shots de vodka seguidos de goles no sumo de tomate.
Em Irkutsk aproveitámos para ir à Embaixada da Mongólia para pedir o visto. Não foram necessárias grandes burocracias, apenas preencher o impresso que nos deram no momento e entregar 1 foto tipo passe e 1 fotocópia do passaporte, assim como deixar lá o original, como é óbvio. Nada de perguntas sobre o itinerário ou sobre bilhetes de entrada e saída do país!
Tivemos, por fim, de ir pagar o custo do visto directamente ao banco mais próximo. O nosso visto custou-nos à volta de 50 euros pois tivémos de pagar para ficar pronto em 5 dias úteis. O normal é demorar uma semana e custa à volta de 35 euros. Há ainda uma opção mais cara para ficar pronto em 2 dias úteis. A embaixada é no centro e fecha às quartas e fins-de-semana. Para fazer o visto só é possível ir lá da parte da manhã (até às 13h).
Depois disso tratado, seguimos com o Léo e Julie até à estação dos autocarros para tentar comprar bilhetes para a ilha de Olkhon. A quarta maior ilha do mundo rodeada por um lago e seguramente a maior ilha das mais de 27 do lago Baikal, no Sul da Sibéria, com uma área de 730 km2.
Não foi tarefa fácil, uma vez que ninguém falava inglês e todos apontavam para algum lugar que não percebíamos e nos diziam que o bus era no dia seguinte “Tomorrow! Tomorrow!”.
Bem, isso nós sabíamos! Obrigada! Queríamos era ter os bilhetes já comprados, mas como nos pareceu impossível, optámos por uma volta à cidade e fomos procurar também uma loja que vendesse carregadores do portátil, para substituir o que o Zé esqueceu em Moscovo!
Entretanto chovia e encontrámos um grupo de adolescentes bem vestidos, de faixa ao peito. Perguntámos-lhes indicações e no fim acabámos a tirar fotos com eles, pois todos queriam fotos com os primeiros turistas com quem falavam! Só um deles falava melhor inglês, portanto foi bastante extenuante toda a informação e excitação vinda daqueles miúdos de 15 anos que, conseguimos perceber depois, estavam assim vestidos pois era o seu último dia de escola. Eram finalistas!
Eles acompanharam-nos por bastantes quilómetros até à estação de autocarros (de novo!), pois diziam que nos ajudavam com a compra dos bilhetes. Mas depois de quarteirões e quarteirões a responder a mil perguntas sem sentido e a tirar fotos, a estação já estava fechada, não encontrámos o carregador, estávamos molhados e cansados.
Voltámos para o hostel exaustos e por isso, e depois de 3 dias no comboio, um banho quente soube divinamente bem! Jantámos umas bolas de massa e carne que comprámos no mercado e que, supostamente, são típicas mas cozinhámos da maneira errada (segundo o senhor do hostel...mas para nós estavam muito boas!) pois devem ser cozinhadas ao vapor e não na água a ferver como fizémos.
Bem, depois disto tudo, no dia seguinte acordámos às 6h, despedimo-nos do Paul, que prossegue viagem sozinho, e fomos com o casal francês até à estação de autocarros onde, depois de algum tempo, conseguímos perceber de onde arrancavam as mini-caravanas para Kuzhir (cidade principal da ilha). Pagámos 700 rublos (à volta de 14 euros) por pessoa para ir e dividimos a viagem com outras pessoas russas que foram enchendo o carro. A viagem foi longa (7h) e quase sempre em estradas de terra batida. O carro ia carregado com mercadorias que levariam para Olkhon.

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Irkutsk (GMT +8). We arrived at 9:38 a.m. (local time). We and Paul got off the train and on the platform looked for Leo and Julie. When we met them, we carried on.
Again coincidentally, we and Paul had booked the same hostel, and how Leo and Julie had not booked anything, we all headed there to check if there would be two more beds available.
At the end, we all stayed together in the same dorm!
What about Irkutsk? I think the most interesting part of the city is not its center, well arranged and organized with beautiful gardens, but the old wodden houses carved with cutouts along the roof that makes them seem to have been made ​​in crocheted. Some of the houses are inclined, like as some of the wood had falled, but are inhabited.
We were also recommended at the hostel to go to a small restaurant where we could eat pozi, the typical dumplings in Siberia. This place was really cheap and we could see the Russians eat the pozi by hand (as it should be) and drinking shots of vodka followed by gulps in tomato juice.
In Irkutsk we took the opportunity to go to the Embassy of Mongolia to apply for a visa. There was no need for too much bureaucracies, just fill out the form they give us there and handing 1 passport photo and 1 photocopy of the passport, and leave the original, of course. No questions about the itinerary or entry ticket  or way out from the country!
Finally, we had to go to the nearest bank  to pay the visa fee. Our visa cost us around 50 euros because we had to pay to get it ready in 5 business days. The normal is to take a week and costs around 35 euros. There is still a more expensive option to be ready in 2 days. The embassy is in the center and closes on Wednesdays and weekends. To make the visa, can only go there in the morning (up to 13h).
After this, we followed with Leo and Julie to the bus station to try to buy tickets to Olkhon island. The fourth largest island in the world surrounded by a lake and certainly the largest island of over 27 at Lake Baikal in southern Siberia, with an area of ​​730 km2.
It was not easy, since no one spoke English and all pointed to somewhere that we did not understood, we were told that the bus was the next day after "Tomorrow! Tomorrow ".
Well, that we knew! Thank you! We just wanted to have the tickets already purchased, but as it seemed impossible to us, we opted to go back to the city center and also look for a store that could sell laptop chargers, to replace the one Ze forgot in Moscow!
Meanwhile it rained and we found a group of teenagers well dressed, with a strip on their chest. Asked them directions and at the end we ended up taking pictures with them, because everyone wanted pictures with the first tourists who they spoke with! One of them spoke better English, so it was quite exhausting all the information and excitement of those 15 year old kids, we could realize later they were dressed like that because it was their last day of school. They were graduated!
They followed us for quite a few kilometers to the bus station (again!), they said that helped us with the purchase of tickets. But after blocks and blocks answering a thousand nonsense questions and taking pictures, the station was already closed, we did not find the charger, we were wet and tired.
We returned to the hostel exhausted, and after three days on the train, a hot bath felt divine! We dinned a few balls of dough and meat bought in the market and it was supposed to be typical but we cooked it the wrong way (according to the guy from the hostel... but for us it was very good!) It must be cooked to vapor and not boiled in water as we have done.
Well, after all this, the next day we woke up at 6am, said goodbye to Paul, who continued on alone, and went with the French couple to the bus station where, after some time, we could find the place from which the mini-caravans depart for Kuzhir (main town on the island). We paid 700 rubles (around 14 euros) per person to go and share the trip with other Russian people who were filling the car. The trip was long (7 hours) and almost always on dirt roads. The car was loaded with goods which would supply Olkhon.