De novo no comboio para
Irkutsk. Serão 3 dias dentro dele. Aqui dentro perde-se a noção do tempo e das
horas. Melhor: não as há para quem viaja dentro dele. Entramos numa cidade com
determinada hora, saímos noutra com hora diferente e o comboio rege-se pela
hora de Moscovo.
No momento em que
escrevo são 22h50 em Lisboa, 1h50 em Moscovo, 3h50 em Ekaterimburgo (de onde
acabámos de sair) e 6h50 em Irkutsk (para onde vamos). Não sei que horário
seguir, já nem sei a que horas o sol nasce... O céu nunca fica realmente escuro
e no comboio dorme-se e come-se às horas que nos apetece.
À medida que nos
dirigimos para o interior e mais para Sul, as temperaturas começam a descer e o
frio lá fora sente-se nos ossos. Dentro do comboio está sempre uma temperatura
agradável.
Agora aprendemos que
podemos consultar o percurso no comboio e o tempo de cada paragem em cada
estação, o que varia bastante: às vezes o comboio pára por 1 minuto e outras
por 60 minutos.
É possível fazer-se
Moscovo-Irkutsk num só comboio. Serão à volta de 4 dias de viagem. Em Irkutsk
apanha-se outro para a Mongólia. Mas há um infindável número de paragens pelo
meio, e com tempo é possível sair nas que se quer e depois comprar o bilhete
para a próxima. Para isso é necessário paciência e tempo, pois podem não nos
compreender ou pode mesmo não haver lugar no próximo comboio.
Novo dia. Acordei
confusa com as horas. São 16h em Irkutsk, 8h em Lisboa e 13h em Ekaterimburgo,
logo 11h em Moscovo. Acho que me sinto nostálgica pelas horas passarem enquanto
durmo e, quando acordo, sinto essa diferença a aumentar.
Todos dormem na minha
cabine.
Entretanto o casal
francês que conhecemos veio visitar-nos. Ficámos a conversar até os
acompanharmos à carruagem deles, que fica no inicio do comboio (o oposto da
nossa). Até brincamos dizendo que já devem estar noutro fuso horário!
Eles estão em 3ª
classe, o que lhes dá menos privacidade que a 2ª, pois não há cabines fechadas.
São 4 camas mais 2 opcionais junto à janela que quando não estão a ser usadas
são cadeiras e uma mesa.
É interessante
percorrer o comboio de uma ponta à outra e ver a diferença de pessoas e cheiros
que o preenchem. Vêem-se mães com crianças, militares e pessoas mais pobres na
3ª classe.
Algumas pessoas com
traços asiáticos, outras de tez mais escura e outras caucasianas.
No vagão restaurante
vêem-se casais séniores que parecem viajar em 1ª classe (as cabines são só para
2 pessoas), e russos que bebem cerveja.
Foi engraçado termo-nos
encontrado todos neste comboio, aos franceses que por coincidência estiveram no
mesmo hostel que nós em Moscovo e ao Paul por calharmos na mesma cabine.
Novo dia.
Encontrámo-nos no vagão restaurante para almoçar e experimentar alguma comida,
e depois fui até à carruagem do Léo e Julie para tirar umas fotos. Tivemos
sorte pois estão lá 3 homens do Uzbequistão que são bastante curiosos e
conversadores. Quiseram ver os desenhos do Zé, depois um deles, o Murad, quis
que ele o desenhasse e que eu o fotografasse, e por fim, e sem falar inglês,
estávamos todos a beber vodka do país deles e a jogar às cartas.
Combinámos amanhã
encontrar-nos em Irkutsk. Cedo (hora local) chegaremos lá. Estou a tentar
manter-me no meu novo futuro horário e por isso vou obrigar-me a dormir.
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Again on the train to
Irkutsk. Will spend three days inside the train. In here you lose track of
time. Better: there is none for those traveling by it. We entered in a city
with a certain hour, we leave at another with a different time and the train is
goes by Moscow time.
At the time of writing
are 22h50 in Lisbon, in Moscow 1:50 a.m., 3:50 a.m. in Ekaterinburg (where we
have just come out) and 6:50 a.m. in Irkutsk (where we go to). I do not know
what time should I follow, do not even know what time the sun rises... The sky
never really gets dark and in the train we sleep and eat when we feel like.
As we head inland and
further south, the temperatures begin to fall and we can feel the cold in our
bones. Inside the train is always a pleasant temperature.
Now we learn that we
can see the route on the train and the time of each stop in each station, which
varies greatly: sometimes the train stops for 1 minute and the other for 60
minutes.
It is possible to make
a single Irkutsk-Moscow train. It is a 4 days trip. Picking up another train to
Mongólia in Irkutsk. But there are an endless number of stops in the middle,
and with time you can stop wherever you want and then buy the ticket to the
next. This requires patience and time, Mosto f the times Russians can not
understand us or there may even be no place on the next train.
New day. I woke up
confused with the hours. It is 16h in Irkutsk, 8h in Lisbon and 13h in
Ekaterinburg, so, 23h in Moscow. I think I feel nostalgic for the hours that
pass while I sleep and when I wake up, I feel this difference increasing.
Everyone sleeps in my
cabin.
However the French
couple we met came to visit us. We talked until we all go to their coach which is in the beginning of the train
(opposite of ours). Even joked saying that should already be in another time
zone!
They are in 3rd class,
which gives them less privacy than the 2nd because there is no closed cabins. 4
beds are 2 more optional at the window, when not being used become chairs and a
table.
It is interesting to go
through the train from one end to the other and see the difference in people
and smells that fill it. There are mothers with children, military and poorest
people in 3rd class.
Some people with Asian
features, other darker complexion and other Caucasians.
In the dining car we
see senior couples who seem to travel in 1st class (the cabins are only for 2
people), and Russians who drink beer.
It was funny how we
found each other on this train, the French who were coincidentally in the same
hostel that we were in Moscow and Paul to stay in the same cabin.
New day. We met in the
dining car for lunch and try some russian food, and then went up to the
carriage of Leo and Julie to take some pictures. We were lucky because there
were 3 men from Uzbekistan who were very curious and talkative. They wanted to
see the sketches and after, one of them, Murad, wanted Ze to draw him and that
I photographed, and finally, and without speaking English, we were all drinking
vodka from their country and playing cards.
We agreed today to meet
in Irkutsk. Early (local time) we will get there. I'm trying to keep on my new
future schedule so I will force myself to sleep.
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