quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ekaterinburg-Irkutsk (3374 Km. From 20May-22:17 (local time) to 23May-09:38 (local time) 3 nights on the train





De novo no comboio para Irkutsk. Serão 3 dias dentro dele. Aqui dentro perde-se a noção do tempo e das horas. Melhor: não as há para quem viaja dentro dele. Entramos numa cidade com determinada hora, saímos noutra com hora diferente e o comboio rege-se pela hora de Moscovo.
No momento em que escrevo são 22h50 em Lisboa, 1h50 em Moscovo, 3h50 em Ekaterimburgo (de onde acabámos de sair) e 6h50 em Irkutsk (para onde vamos). Não sei que horário seguir, já nem sei a que horas o sol nasce... O céu nunca fica realmente escuro e no comboio dorme-se e come-se às horas que nos apetece.
À medida que nos dirigimos para o interior e mais para Sul, as temperaturas começam a descer e o frio lá fora sente-se nos ossos. Dentro do comboio está sempre uma temperatura agradável.
Agora aprendemos que podemos consultar o percurso no comboio e o tempo de cada paragem em cada estação, o que varia bastante: às vezes o comboio pára por 1 minuto e outras por 60 minutos.
É possível fazer-se Moscovo-Irkutsk num só comboio. Serão à volta de 4 dias de viagem. Em Irkutsk apanha-se outro para a Mongólia. Mas há um infindável número de paragens pelo meio, e com tempo é possível sair nas que se quer e depois comprar o bilhete para a próxima. Para isso é necessário paciência e tempo, pois podem não nos compreender ou pode mesmo não haver lugar no próximo comboio.
Novo dia. Acordei confusa com as horas. São 16h em Irkutsk, 8h em Lisboa e 13h em Ekaterimburgo, logo 11h em Moscovo. Acho que me sinto nostálgica pelas horas passarem enquanto durmo e, quando acordo, sinto essa diferença a aumentar.
Todos dormem na minha cabine.
Entretanto o casal francês que conhecemos veio visitar-nos. Ficámos a conversar até os acompanharmos à carruagem deles, que fica no inicio do comboio (o oposto da nossa). Até brincamos dizendo que já devem estar noutro fuso horário!
Eles estão em 3ª classe, o que lhes dá menos privacidade que a 2ª, pois não há cabines fechadas. São 4 camas mais 2 opcionais junto à janela que quando não estão a ser usadas são cadeiras e uma mesa.
É interessante percorrer o comboio de uma ponta à outra e ver a diferença de pessoas e cheiros que o preenchem. Vêem-se mães com crianças, militares e pessoas mais pobres na 3ª classe.
Algumas pessoas com traços asiáticos, outras de tez mais escura e outras caucasianas.
No vagão restaurante vêem-se casais séniores que parecem viajar em 1ª classe (as cabines são só para 2 pessoas), e russos que bebem cerveja.
Foi engraçado termo-nos encontrado todos neste comboio, aos franceses que por coincidência estiveram no mesmo hostel que nós em Moscovo e ao Paul por calharmos na mesma cabine.
Novo dia. Encontrámo-nos no vagão restaurante para almoçar e experimentar alguma comida, e depois fui até à carruagem do Léo e Julie para tirar umas fotos. Tivemos sorte pois estão lá 3 homens do Uzbequistão que são bastante curiosos e conversadores. Quiseram ver os desenhos do Zé, depois um deles, o Murad, quis que ele o desenhasse e que eu o fotografasse, e por fim, e sem falar inglês, estávamos todos a beber vodka do país deles e a jogar às cartas.
Combinámos amanhã encontrar-nos em Irkutsk. Cedo (hora local) chegaremos lá. Estou a tentar manter-me no meu novo futuro horário e por isso vou obrigar-me a dormir.
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Again on the train to Irkutsk. Will spend three days inside the train. In here you lose track of time. Better: there is none for those traveling by it. We entered in a city with a certain hour, we leave at another with a different time and the train is goes by Moscow time.
At the time of writing are 22h50 in Lisbon, in Moscow 1:50 a.m., 3:50 a.m. in Ekaterinburg (where we have just come out) and 6:50 a.m. in Irkutsk (where we go to). I do not know what time should I follow, do not even know what time the sun rises... The sky never really gets dark and in the train we sleep and eat when we feel like.
As we head inland and further south, the temperatures begin to fall and we can feel the cold in our bones. Inside the train is always a pleasant temperature.
Now we learn that we can see the route on the train and the time of each stop in each station, which varies greatly: sometimes the train stops for 1 minute and the other for 60 minutes.
It is possible to make a single Irkutsk-Moscow train. It is a 4 days trip. Picking up another train to Mongólia in Irkutsk. But there are an endless number of stops in the middle, and with time you can stop wherever you want and then buy the ticket to the next. This requires patience and time, Mosto f the times Russians can not understand us or there may even be no place on the next train.
New day. I woke up confused with the hours. It is 16h in Irkutsk, 8h in Lisbon and 13h in Ekaterinburg, so, 23h in Moscow. I think I feel nostalgic for the hours that pass while I sleep and when I wake up, I feel this difference increasing.
Everyone sleeps in my cabin.
However the French couple we met came to visit us. We talked until we all go to their coach  which is in the beginning of the train (opposite of ours). Even joked saying that should already be in another time zone!
They are in 3rd class, which gives them less privacy than the 2nd because there is no closed cabins. 4 beds are 2 more optional at the window, when not being used become chairs and a table.
It is interesting to go through the train from one end to the other and see the difference in people and smells that fill it. There are mothers with children, military and poorest people in 3rd class.
Some people with Asian features, other darker complexion and other Caucasians.
In the dining car we see senior couples who seem to travel in 1st class (the cabins are only for 2 people), and Russians who drink beer.
It was funny how we found each other on this train, the French who were coincidentally in the same hostel that we were in Moscow and Paul to stay in the same cabin.
New day. We met in the dining car for lunch and try some russian food, and then went up to the carriage of Leo and Julie to take some pictures. We were lucky because there were 3 men from Uzbekistan who were very curious and talkative. They wanted to see the sketches and after, one of them, Murad, wanted Ze to draw him and that I photographed, and finally, and without speaking English, we were all drinking vodka from their country and playing cards.

We agreed today to meet in Irkutsk. Early (local time) we will get there. I'm trying to keep on my new future schedule so I will force myself to sleep.

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